Às 17h30 havia 156 incêndios no país, 15 deles preocupantes

Mais do que a falta de meios aéreos, o principal problema dos bombeiros é o vento, afirma o comandante nacional da protecção civil. Estão no terreno quase 6000 efectivos e 52 meios aéreos.

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Os fogos deste ano provocaram a vítima mais jovem da década: um bombeiro com 19 anos DR

Dos 156 incêndios que estavam activos no país às 17h30, pelo menos 15 estavam a dar mais “preocupações” aos bombeiros, e cinco delas são mesmo preocupantes, descreveu o comandante nacional da protecção civil no final de uma visita dos deputados da Assembleia da República ao centro operacional, em Carnaxide.

No terreno encontravam-se quase seis mil operacionais, com 52 meios aéreos – os 47 nacionais, a que se somaram nos últimos dois dias uma aeronave italiana, duas espanholas e duas marroquinas.

Desde a meia-noite registaram-se 229 novas ocorrências e 42 estavam ainda activas e a dar trabalho significativo. As situações mais complicadas e com “empenhamento operacional muito significativo” eram Águeda, Arouca, Albergaria, Castelo de Paiva e Anadia, afirmou o comandante José Manuel Moura. Em alguns os helicópteros e aviões estão com dificuldades ou não conseguem operar de todo devido à falta de tecto, ou seja, de visibilidade por causa do fumo baixo, descreveu o responsável.

As outras situações preocupantes são Vieira do Minho e Vila Nova de Famalicão (distrito de Braga), Paredes (Porto), Santarém, e, no distrito de Viana do Castelo, especialmente os incêndios nos concelhos de Vila Nova de Cerveira, Arcos de Valdevez e Caminha que já lavram há dois dias. No distrito de Viseu há também fogos ainda sem controlo em Resende, Santa Comba Dão (com vários focos motivados pelas faúlhas do comboio) e no de Vila Real em Montalegre.

Questionado pelos jornalistas sobre se são precisos mais meios aéreos, o comandante afirmou que todos estes incêndios “necessitam de meios aéreos de ataque ampliado”, mas também é certo que em algumas situações estes não podem operar, seja por causa do vento ou por causa do fumo. “Não se responde com um número exacto, cada teatro de operações tem a sua especificidade e, portanto, não é uma mera soma aritmética”, replicou o responsável da ANPC.

Sobre a previsão do tempo para os próximos dias, que o secretário de Estado da Administração Interna admitira duas horas antes aos deputados que será “assustadora”, e a necessidade de reforçar o dispositivo, José Manuel Moura lembrou que se decidiu esta manhã prolongar até ao próximo domingo, dia 14, o alerta laranja que dura desde o fim-de-semana. “Este nível laranja obriga a um grau de 50% de mobilização de todo o dispositivo e até seis horas o seu testado de prontidão”, especificou. O universo do dispositivo operacional nacional é de 9800 elementos, mas há ainda mais 29.900 voluntários por todo o país para as rendições e recrutamento em períodos críticos.

O comandante admitiu que na noite de terça-feira e na noite passada o combate às chamas “foi muito difícil por culpa da intensidade do vento, na ordem dos 90 a 100km/h durante cinco horas sobretudo no distrito de Aveiro em Arouca, Anadia e Águeda. Houve mesmo alturas em que houve indicações para não haver combate ao incêndio mas antes protecção das populações – e isso foi conseguido.”

Questionado sobre se preferia ter mais meios aéreos, o comandante nacional respondeu que “preferia não ter o vento que temos tido”. “Nos incêndios florestais, nós podemos mexer em todas as variáveis – na formação, nos equipamentos, mais meios – mas há uma variável que não podemos diminuir: as condições meteorológicas. E elas foram extremamente severas nos últimos dias”, acrescentou. O vento vai diminuir a partir de sábado, mas a temperatura vai subir mais um pouco, para valores entre os 38 e os 40 graus em boa parte do território continental. 

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