Portas vai ser conselheiro da mexicana Pemex na filial espanhola

O ex-líder do CDS, actual consultor da Mota Engil, vai trabalhar para a maior empresa mexicana.

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Portas a caminho de Espanha para trabalhar numa petrolífera Nuno Ferreira Santos

A notícia foi publicada online, no sábado à tarde, pelo jornal espanhol El Diario: Paulo Portas foi contratado pela petrolífera estatal Pemex, a maior empresa do México, como conselheiro. “Portas, uma das figuras mais relevantes da política lusa na última década, converteu-se em conselheiro de uma filial da mexicana em Espanha, a Mex Gas Enterprises, dedicada à comercialização de gás natural em todo o mundo”, lê-se na notícia publicada às 18h44.

O PÚBLICO confirmou nos registos da empresa que Paulo Portas foi nomeado para o cargo de conselheiro no dia 20 de Julho de 2016, mais de um mês depois de ter deixado a Assembleia da República (já tinha sido substituído por Assunção Cristas, na liderança do CDS-PP, em Março) e após de duas décadas de trabalho parlamentar.

No início de Junho, Paulo Portas havia assumido o cargo de presidente do conselho consultivo internacional para a América Latina da construtora Mota-Engil, por onde passou o socialista Jorge Coelho como presidente da comissão executiva e vice-presidente do grupo durante cinco anos, de 2009 a 2014. “Agora”, escreve o El Diario, “o ex-político conservador, que domina cinco idiomas (entre eles um perfeito espanhol), assessora também a Pemex."

O jornal recorda que enquanto vice-primeiro-ministro Portas efectuou duas visitas oficiais ao México, em 2013 e 2014, ”nas quais deu grande relevância aos projectos da Mota-Engil naquele país latino-americano”. Em Outubro 2014, aliás, a Mota-Engil ganhou a construção de um grande projecto turístico no México, avaliado em 1500 milhões de dólares. O negócio foi anunciado pelo presidente da Mota-Engil, António Mota, no âmbito de uma dessas visitas ao México liderada por Paulo Portas. Antes, como ministro dos Negócios Estrangeiros, foi o máximo responsável pela diplomacia económica no governo de coligação PSD/CDS.

A empresa que terá o ex-ministro como conselheiro foi fundada em 1993 e é um braço da Pemex inicialmente registado nas Ilhas Caiman (um paraíso fiscal) sob o nome MGIEnterprises Limited. Só a partir de 2014 passou a chamar-se Mex Gas Enterprises e a ter sede em Espanha, mais precisamente Madrid. Um dos primeiros compromissos profissionais assumidos por Paulo Portas quando deixou a política activa foi em Madrid, com a Thinking Heads, uma empresa que gere uma lista de oradores em conferências internacionais por si organizadas.

A Pemex descreve-se a si própria, no seu site oficial, como "a mais importante empresa do México, uma das maiores da América Latina e maior contribuinte fiscal do estado mexicano". Diariamente, esta petrolífera extrai o equivalente a 2,2 milhões de barris de petróleo e quase 17 milhões de metros cúbicos de gás natural. Em números, a Pemex tem seis refinarias, oito complexos petroquímicos, nove complexos de processamento de gás e 83 terminais terrestres e marítimos para abastecer as mais de 10 mil estações de serviço espalhadas pelo México.

 

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