A família Trump

O candidato republicano à Casa Branca faz-se rodear da mulher e dos filhos, nos negócios e agora na política.

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Quatro filhos de Trump na Convenção Republicana: da esquerda para a direita, Donald Jr; Ivanka; Eric e Tiffany (de azul) REUTERS/Brian Snyder

Melania

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AFP PHOTO / Robyn BECK

Habitualmente, as mulheres dos candidatos presidenciais não merecem um grande escrutínio da imprensa. Mas depois do escândalo relativo ao alegado plágio de parágrafos inteiros da intervenção de Michelle Obama em 2008, no discurso de Melania Trump na convenção de Cleveland, esta mulher de candidato ficou debaixo dos holofotes dos meios de comunicação norte-americanos (e não só). O que se sabia sobre Melania Trump, antes do seu primeiro grande acto político, em Cleveland, era que a ex-modelo nascida na Eslovénia, trocara a sua formação como arquitecta no seu país de origem para se dedicar a uma carreira no mundo da moda, que a levaria de Milão para Nova Iorque, onde chegou em 1996.

Depois do CopyPasteGate, não foram apenas as suas garantias de que tinha escrito o discurso sozinha que foram postas em causa: as dúvidas já se estendem ao seu currículo (por exemplo, na universidade onde diz ter estudado não se encontra qualquer prova da sua licenciatura em arquitectura e design), à sua filantropia e ao sucesso da sua carreira de empresária (a linha de cremes de rosto com caviar que lançou foi um retumbante fracasso). Também ao contrário do que diz o marido, nunca foi uma “supermodelo”. Aparentemente, nada disso importa aos delegados da convenção, que continuam a destacar a beleza e elegância de Melania como as características que mais lhe importam. “De resto, ela é um mistério”, confessava uma delegada da Carolina do Norte.

Melania e Donald casaram em 2005. Têm um filho de dez anos, Barron, que é o único Trump que tem sido resguardado da campanha eleitoral. A mãe diz que é um rapaz “muito especial”, independente e com grande força de vontade, e que tal como o pai gosta de “deitar coisas abaixo e construir coisas novas”.

Donald Jr.

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REUTERS/Mike Segar

Donald Trump Jr. herdou quase tudo do pai menos a cabeleira loura. O filho primogénito (nascido do primeiro casamento entre Donald e a  antiga atleta e modelo chexa Ivana), de 38 anos, partilha com o pai o nome, o gosto pelos negócios, pelo golfe, pelas esposas vindas do mundo da moda e até o número de filhos. Os seus, com a ex-modelo Vanessa Haydon, também são cinco, a mais nova, Chloe, com dois anos, e a mais velha, Kai, com nove. O rapaz mais velho prolonga a dinastia: chama-se Donald III (e tem sete anos).

O seu nome (e o dos irmãos) surge logo abaixo do do pai como vice-presidente executivo da The Trump Organization, com o pelouro do desenvolvimento e aquisições. A ligação aos negócios da família vem da infância: ao contrário de outros filhos de milionários, Donald Jr. passava as férias do Verão a trabalhar, muitas vezes em estaleiros de obras, e a receber o salário mínimo (também costumava viajar para a República Checa, para passar tempo com os avós maternos, antes do tempestuoso divórcio dos pais, após o qual esteve um ano sem falar com Donald).

Agora, gosta de contar essas histórias, para provar como ele, tal como o pai, fez toda a sua carreira a pulso e ao “ao lado de pessoas normais”, trabalhadores de colarinho azul cujas opiniões considera mais valiosas do que a dos licenciados de Harvard e Wharton – esta última, por coincidência, a prestigiada escola de gestão da Universidade da Pensilvânia onde obteve o seu próprio diploma. O que não quer dizer que não lhe sobrasse tempo para apreciar as coisas boas da vida – as melhores que o dinheiro pode comprar. Mais jovem, era famoso por frequentar clubes caros, beber demais e envolver-se em pancadaria. Agora prefere a caça de veados, com arco e flecha, e os restaurantes com estrelas Michelin.

Ivanka

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REUTERS/Jim Young

Tem 34 anos e é também vice-presidente das empresas Trump (que se desdobram em propriedades e hotéis). Como outras herdeiras da América, criou a sua própria marca, com a qual provou os poucos dissabores que se lhe conhecem na vida. Foi acusada de plágio — não por causa de um discurso, mas por causa de sapatos, com a Aquazzura a notar que alguns “Ivanka” são mesmo muito parecidos com alguns Aquazzura. Ivanka Trump, a segunda filha de Ivana e Donald, casou em 2009 com Jared Kushner, ligado a negócios de construção civil (e agora um dos principais conselheiros da campanha), e tem dois filhos, Arabella e Joseph. “Quero ser a primeira coisa que os meus filhos vêem pela manhã, por isso acordo às cinco e faço questão de fazer a minha ginástica e de tomar o meu duche antes de eles se levantarem”, disse numa entrevista à revista People. Antes de se juntar à “firma” da família, experimentou a moda — foi modelo em campanhas da Tommy Hilfiger e da Sassoon Jeans, apareceu em capas de revista (Harper’s Bazaar, por exemplo) e  lançou uma linha de jóias e abriu uma loja, chamada Ivanka Trump, na exclusiva Avenida Madison de Manhattan. Houve um momento em que se queixou desta aventura do pai, mas como uma boa Trump, juntou-se às tropas e esteve ao lado de Donald na recta final da campanha que culminou na nomeação em Clevelend. “Sou uma filha, não um clone. As filhas discordam às vezes do que os pais dizem. Mas em privado partilhamos a mesma visão, não em publico, porque eu não sou candidata”, disse. Ivanka está registada como eleitora independente, mas promete votar no pai.

Eric

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Chip Somodevilla/Getty Images/AFP

É acusado de matar espécies de grande dimensão em vias de extinção em viagens a África e também ursos, e dizem que tem semelhanças com o actor Kiefer Sutherland... mas quando este fez o papel de um vampiro no filme "Os rapazes da noite" de Joel Schumacher (1987). É casado com Lara Unaska, produtora na cadeia televisiva CBS que gosta de andar a cavalo (diz a Wikipédia) e de animais. Em 2010 a organização de defesa dos animais PETA criticou este Trump pelas caçadas que fez com Donald Jr., o que levou o director dos parques e zonas de safari do Zimbabwe a escrever uma carta de apoio aos irmãos.

Eric Frederick Trump, de 32 anos, o terceiro dos filhos de Donald e de Ivana, é apresentado como um homem de negócios e um filantropo. É vice-presidente da Trump Organization. Juntou-se à empresa familiar em 2006, quando se licenciou em finanças e gestão — com honras — na prestigiada Universidade de Georgetown, em Washington. Em 2006 fundou a Eric Trump Foundation, que angaria dinheiro para o St. Jude Children’s Research Hospital. Também é dono de uma adega, a Trump Winery e em 2013 a revista Wine Enthusiast deu-lhe o prémio de Estrela em Ascensão. No seu currículo ( como no dos irmãos) consta a participação como júri no concurso televisivo "O Aprendiz".

Tiffany

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REUTERS/Brian Snyder

Aos 22 anos, Tiffany, a filha do segundo casamento de Donald, com a antiga actriz Marla Maples, já pôs de lado a aspiração de se tornar uma cantora pop. Em 2011, lançou um single, intitulado “Like A Bird”. Não foi um sucesso, e por isso dedicou-se a completar os seus estudos universitários em Sociologia, com uma especialização em Estudos Urbanos, na mesma Universidade da Pensilvânia que acolheu outros filhos do milionário. “Agora a música é mais um hobby”, explicou.

Tiffany – que se diz dever o nome à famosa joalharia nova-iorquina – nasceu dois meses antes do casamento dos pais, e com o divórcio, cinco anos mais tarde, foi viver com a mãe para a Califórnia. A diferença do estilo de vida de Los Angeles, diz, explica porque é tão diferente dos seus meio-irmãos. Isso e o facto de em Nova Iorque o seu pai ser o “centro do mundo”. Mas como Ivanka, Tiffany é um fenómeno mediático: a sua conta do Instagram conta com mais de 160 mil seguidores. Aliás, Tiffany é uma das integrantes de um grupo dessa rede social, chamado “The Rich Kids of Instagram”, composto por jovens socialites, filhas de magnatas e celebridades que expõem o seu quotidiano.

A filha mais nova de Donald é a única que não trabalha na The Trump Organization (o único trabalho que se lhe conhece é um estágio na revista Vogue, e o disco), e a que não é seguida pelo pai no Twitter. Ainda assim, garantiu na convenção: "O meu pai apoia-me em tudo o que faço”.

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