Evaristo Carvalho eleito Presidente de São Tomé e Príncipe

Vitória do candidato do partido do primeiro-ministro vem reforçar o poder de Patrice Trovoada.

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Samir Tounsi / AFP

Os eleitores de São Tomé e Príncipe elegeram no domingo, à primeira volta, o candidato do partido no poder à Presidência da República. Evaristo Carvalho, candidato apoiado pelo partido do primeiro-ministro, Patrice Trovoada, obteve 50,1% dos votos (34.629) contra 24,8% (17.121) obtidos pelo Presidente incumbente, Manuel Pinto da Costa.

A terceira candidata, Maria das Neves, conseguiu 24,8% dos votos (16.638), revelou a Comissão Eleitoral Nacional (CEN) durante a madrugada de segunda-feira. Maria das Neves pediu a anulação das eleições, por considerar que não foram "nem livres, nem justas, nem transparentes".  O Tribunal Constitucional deve ainda validar os resultados, explicou a CEN.

Esta vitória permite ao carismático primeiro-ministro, Patrice Trovoada, alcançar o seu objectivo: pôr fim à partilha do poder e governar com um Presidente do seu partido, a Acção Democrática Independente, vencedor das eleições legislativas de 2014.

“Queremos começar uma nova etapa de estabilização, de trabalho e de progresso para o povo de São Tomé”, disse o primeiro-ministro, filho do antigo Presidente Miguel Trovoada.

Ao todo, mais de 60% dos 111.222 inscritos nos cadernos eleitorais participaram no escrutínio que teve lugar num ambiente de “tranquilidade”, de acordo com a missão de observadores da União Africana.

As eleições marcam a derrota e, sem dúvida, o fim da carreira do Presidente cessante, Manuel Pinto da Costa, que fará 79 anos dentro de alguns dias, que pretendida assegurar um novo mandato de cinco anos.

Manuel Pinto da Costa é um sobrevivente da Guerra Fria: primeiro Presidente nos 15 anos após a independência em 1975 com o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe, alinhou sempre o país na direcção do bloco soviético, com um regime de partido único, antes de transitar para a democracia nos anos 1990.

O desenvolvimento é o objectivo principal em São Tomé, onde vários edifícios coloniais em ruínas  se desmoronam lentamente por falta de manutenção. Dois terços dos cerca de 195 mil habitantes vivem sob o signo da pobreza, alimentando uma diáspora em Portugal, Angola e Gabão.

“Fizemos vários progressos em termos democráticos. Mas se não se resolverem os problemas da população, a democracia pode ficar impedida de se consolidar”, declarou o Pinto da Costa, pouco depois de ter votado.

Popular, visto como “populista” pelos seus críticos, o primeiro-ministro garante que vai fornecer dentro de dois anos electricidade e água potável à totalidade da população.

A menos de duas horas de avião das cidades africanas em pleno crescimento (Luanda, Lagos), o país possui algumas das melhores produções agrícolas do mundo (cacau, café), um potencial turístico e prospecções petrolíferas offshore em parceria com empresas estrangeiras.

A posição estratégica do arquipélago, no seio do golfo da Guiné, levou a Voz da América a instalar perto da capital uma base e antenas, com o risco de levantar em alguns habitantes suspeitas quanto à sua finalidade real.

O FMI elogiou o crescimento médio de 4% desde 2012 e a inflação em forte queda. Porém, São Tomé continua a depender ainda em 90% de ajuda internacional para fazer face às suas necessidades básicas. “Não cobrimos mais do que 10% das nossas necessidades”, diz uma personalidade da sociedade civil, que critica ainda os desvios regulares de ajuda internacional.

O país “a andar com passo certo para conhecer a felicidade”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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