Pequim quer criar um espaço aéreo de defesa no Mar do Sul da China

Depois de Haia ter considerado que o país violou a soberania das Filipinas com reivindicações territoriais, surge uma resposta militar.

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O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Liu Zhenmin, contestou a decisão Reuters

A China anunciou que vai implementar um espaço aéreo de defesa sobre o Mar do Sul da China, respondendo com novos avanços militares à decisão do Tribunal Arbitral de Haia que deu razão às Filipinas numa disputa territorial.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Liu Zhenmin, afirmou que Pequim tem o direito de introduzir no a “zona de identificação de defesa aérea”, que obrigará os aviões civis a identificarem-se perante controladores militares chineses.

“O que devemos deixar claro em primeiro lugar é que a China tem o direito… Mas se precisamos dele ou não depende do nível de ameaças que enfrentamos”, disse Liu , citado pelo jornal The Guardian, depois da decisão do tribunal internacional ter sido anunciada, na terça-feira.

O vice-ministro chinês acrescentou ainda que espera voltar a ter conversações bilaterais com Manila, em cuja presidência está agora Rodrigo Duterte, que se mostrou disposto em negociar com a China antes e depois da decisão de Haia, que abre caminho a que outros países com disputas territoriais na região peçam a intervenção do tribunal. A queixa em Haia foi levantada pelo governo anterior.

Para além da nova zona de defesa aérea, dois aviões comerciais aterraram já esta quarta-feira em dois novos aeroportos nas ilhas Spratly - disputadas pela China, Filipinas, Brunei, Malásia e Vietname. Os aeroportos foram construídos no recife Mischief e no recife Subi, segundo a agência de notícias chinesa Xinhua. Os aviões regressaram depois à província de Hainan, de onde tinham partido. Não se sabe ao certo se ambos os aviões pousaram nos dois recifes, diz a Reuters.

Estas repostas ocorrem um dia depois do Tribunal Arbitral de Haia condenar a China por violar a soberania das Filipinas, referindo a Convenção da ONU para o Direito do Mar de 1982. O tribunal considerou que as reivindicações chinesas não tinham fundamento jurídico e que os argumentos históricos e geográficos não eram suficientes para a China obter a exclusividade das águas e dos seus recursos – pesca, petróleo e gás natural.

A China não reconhece a autoridade do Tribunal Arbitral de Haia quanto a questões de soberania e já se esperava uma reacção. “Recusamos aceitar qualquer reivindicação e actividade baseadas nessa sentença”, declarou o Presidente chinês Xi Jiping, citado pela AFP.

De acordo com o South China Morning Post, também Taiwan criticou a decisão de Haia e enviou esta quarta-feira um navio de guerra para “defender o território de Taiwan”, que rumou para a ilha Taiping, administrada por Taipé. A Presidente Tsai Ing-wen contestou Haia, pois o tribunal considera que Taiwan não tem direitos legais sobre as águas à volta de Taiping por esta ser apenas uma “rocha”.

 

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