FMI revê em baixa estimativa de crescimento da zona euro para 2017

Impacto do “Brexit”, justifica revisão de 1,6% para 1,4%.

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"Brexit" influencia negativamente a economia da zona euro, alerta FMI Yves Herman/Reuters

O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a rever em baixa as previsões de crescimento da economia da zona euro para 2017, dos anteriores 1,6% para 1,4%, sobretudo devido ao "impacto negativo" do "Brexit".

Segundo o estudo do Artigo IV sobre a zona euro, divulgado pelo FMI nesta sexta-feira, "o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro deverá desacelerar de 1,6% este ano para 1,4% em 2017, sobretudo devido ao impacto negativo do resultado do referendo no Reino Unido", que determinou a saída do país da União Europeia.

No relatório, o Fundo aponta ainda que as perspectivas a médio prazo para a zona euro são "medíocres" - dado o elevado desemprego herdado da crise, a elevada dívida pública e privada e as debilidades estruturais que afectam o crescimento da produtividade - projectando um crescimento a cinco anos em torno de 1,5%, com a taxa de inflação a ficar-se pelos 1,7%.

No World Economic Outlook divulgado em 12 de Abril, em que actualizou as projecções económicas até 2021, o FMI já tinha revisto em baixa as previsões de Janeiro para a zona euro, antecipando uma evolução de 1,5% em 2016 e de 1,6% em 2017 (em Janeiro tinha previsto que a zona euro deveria crescer 1,7% tanto este ano como no próximo).

"A recuperação fortaleceu-se recentemente. Os preços do petróleo mais baixos, uma política fiscal neutral e uma política monetária harmonizada estão a incentivar a procura doméstica. Contudo, a inflação e as expectativas da inflação continuam muito baixas e aquém do objectivo do Banco Central Europeu (BCE) para a estabilidade dos preços a médio prazo", refere a instituição liderada por Christine Lagarde.

No que se refere à taxa de inflação da zona euro, o FMI prevê que suba de 0,2% este ano para 1,1% em 2017, impulsionada pelos preços da energia.

De acordo com a avaliação agora feita pelo Fundo Monetário, os riscos aumentaram na zona euro, quer porque "o abrandamento global pode perturbar a recuperação assente na procura doméstica", quer devido às "questões políticas" internas: "Impactos adicionais do referendo no Reino Unido, o problema dos refugiados ou um aumento das preocupações com a segurança podem contribuir para um aumento da incerteza, prejudicando o crescimento e prejudicando os progressos nas políticas e reformas", adverte.

"Outros riscos - acrescenta - são a fraqueza dos sistemas bancário e financeiro de alguns países e os fracos ritmo de crescimento e nível de inflação, que tornam a zona euro cada vez mais vulnerável a choques em áreas onde as políticas disponíveis para limitar os efeitos sobre a economia são muito limitadas.

Neste contexto, o FMI defende "a aplicação colectiva de políticas polivalentes e equilibradas" que reduzam os riscos, estimulem o crescimento e reforcem a integração, advertindo que a recuperação cíclica não deve levar a um abrandar das reformas na zona euro.

O Fundo recomenda que as políticas devem priorizar reformas estruturais que promovam a produtividade e reduzam os desequilíbrios macroeconómicos, o reforço do investimento, a conclusão da união bancária e a correcção das folhas de balanço (nomeadamente no sector bancário), alertando que "sem acções firmes, a zona euro continuará vulnerável à instabilidade e a sucessivas crises de confiança".

Para potenciar o crescimento e reduzir os desequilíbrios, é destacada a importância de reformas estruturais que reduzam as barreiras comerciais, uma melhor administração pública, menos impostos sobre o trabalho e menos desigualdades no mercado laboral.

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