Procuradora-geral garante que dará luz verde a acusação contra Clinton

Conversa privada de Loretta Lynch com antigo Presidente Bill Clinton levantou suspeitas. Conclusões do inquérito à utilização de email privado por Hillary Clinton estão prestes a ser apresentadas.

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Loretta Lynch viu-se obrigada a dar garantias públicas de independência e transparência Nancy Wiechec/REUTERS

As recomendações dos investigadores do FBI e dos procuradores que se encarregaram do inquérito ao uso da conta privada de correio electrónico por Hillary Clinton, durante o período em que exerceu o cargo de secretária de Estado dos EUA, serão integralmente respeitadas, garantiu esta sexta-feira a Procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch. “Acatarei e seguirei todas as recomendações que me forem entregues”, declarou, acrescentando que esse será a sua única intervenção no caso – que poderá resultar na dedução de uma acusação contra Hillary Clinton ou no arquivamento do processo.

A governante (o cargo de Attorney general corresponde ao ministro da Justiça no sistema português) viu-se obrigada a dar garantias públicas de independência e transparência do processo para afastar as suspeitas e o burburinho que se gerou com a divulgação de uma conversa privada entre ela e o antigo Presidente norte-americano Bill Clinton. As notícias sobre o encontro foram acompanhadas por questões sobre se era “apropriado” a Procuradora-geral manter contactos com o marido de Hillary Clinton, visada por uma investigação federal cujas conclusões estarão prestes a ser apresentadas.

“As conclusões da investigação, e todas as determinações que dela resultarem, serão da exclusiva responsabilidade dos agentes do FBI e dos procuradores que trataram do caso desde o início”, explicou o porta-voz do Departamento de Justiça. Esse trabalho é depois revisto pelas respectivas chefias, acrescentou, a quem compete depois informar a Procuradora-geral, que assegurou que dará “luz verde” à determinação dos investigadores.

Em causa está a decisão, que Hillary Clinton já assumiu ter sido errada, de utilizar o seu servidor pessoal de e-mail para trocar mensagens sobre assuntos profissionais, durante os anos em que dirigiu a diplomacia norte-americana (entre 2009 e 2013). O comportamento está à margem das regras instituídas no Departamento de Estado (aliás, em todo o Governo dos Estados Unidos) para garantir a segurança das comunicações oficiais. O inquérito que foi aberto assim que essa prática foi conhecida pretende averiguar se a situação configura apenas uma irregularidade ou também uma ilegalidade – e, nesse caso, se é passível de procedimento criminal.

A Procuradora-geral lamentou o seu encontro com Bill Clinton – que decorreu em plena pista do aeroporto internacional de Phoenix, Arizona, na passada segunda-feira à noite – mas esclareceu que este foi “totalmente ocasional”, e que a conversa abordou temas como o nascimento do novo neto do casal Clinton, golfe, viagens e “coisas assim”. O único assunto remotamente político de que falaram, durante a meia hora em que conversaram, foi o “Brexit”, informou Loretta Lynch.

“Não foi discutido nenhuma matéria referente a nenhum processo que esteja em curso no Departamento de Estado, nem de nenhum caso que diga respeito ao trabalho do Departamento de Estado”, afirmou a Procuradora-geral.

Um relatório interno de 80 páginas, produzido pela inspecção-geral do próprio Departamento de Estado, criticou duramente a ex-secretária de Estado – e presumível candidata do Partido Democrata à Casa Branca – mas ilibou-a de qualquer ilegalidade. No entanto, os inspectores consideraram que as regras relativas às comunicações são conhecidas de todos: todos os dirigentes têm de usar os seus endereços oficiais, através dos servidores do Departamento de Estado, não só para garantir a confidencialidade das comunicações e eliminar o risco de pirataria ou ataque informático, como para proceder à recolha e armazenamento de todas as mensagens, que por lei são depositadas num arquivo público (disponível para consulta depois de um determinado prazo de sigilo).

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