Rodrigo Duterte encoraja filipinos a matarem toxicodependentes

O Presidente das Filipinas, que tomou posse esta quinta-feira, fez a luta contra a criminalidade e as drogas a principal prioridade do seu Governo.

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Rodrigo Duterte visitou um bairro de lata de Manila horas depois de ser empossado Presidente das Filipinas AFP/NOEL CELIS

Horas depois de ter tomado posse como Presidente das Filipinas, com um discurso em que assegurou estar perfeitamente consciente dos limites da lei e da sua autoridade e da salvaguarda dos direitos consagrados pela Constituição, Rodrigo Duterte visitou um bairro pobre de Manila e recomendou aos seus residentes que se responsabilizassem pela segurança e tranquilidade da comunidade, nomeadamente "eliminando" traficantes de droga e toxicodependentes.

“Estes filhos da mãe estão a destruir as nossas crianças. Estou a avisar-vos, não entrem nisso, mesmo que sejam polícias, porque vou mesmo matar-vos”, garantiu o novo chefe de Estado filipino, que frequentemente acusa as forças de segurança de corrupção e envolvimento no tráfico de droga. Mas além da morte dos alegados criminosos, Duterte sugeriu também a das suas supostas vítimas: “Se conhecem algum toxicodependente, matem-no vocês mesmos, porque ser os pais a fazê-lo seria muito doloroso”, pediu o Presidente, que falou para uma plateia de 500 pessoas.

Duterte foi ainda mais longe e aconselhou aqueles que andam à procura de uma boa oportunidade de negócio a considerarem a abertura de uma agência funerária. “Garanto-vos que não vão abrir falência. Se o vosso negócio abrandar eu mesmo direi à polícia: ‘Sejam mais rápidos para ajudarem as pessoas a ganhar dinheiro’”, disse o Presidente filipino, citado pelo The Guardian.

No discurso de tomada de posse como Presidente, Duterte foi muito mais moderado do que tinha sido durante a campanha, sublinhando que como advogado e ex-procurado sabia quais eram os limites do seu poder, conhecia a lei e ia respeitá-la. Mas as declarações proferidas poucas horas depois parecem dar razão aos seus críticos e todos os que estavam preocupados com o seu autoritarismo e desrespeito pelos direitos humanos.

Duterte, que liderou a cidade de Davao durante 22 anos - onde o acusam de estar ligado à morte de mais de 1000 pessoas vítimas de esquadrões da morte -, também elencou na cerimónia no Palácio Presidencial de Malacañang as prioridades do seu Governo. “Os problemas que atormentam o nosso país hoje e que precisam de ser tratados com urgência são a corrupção, tanto nos escalões mais altos como nos mais baixos do Governo; a criminalidade nas ruas e a venda desenfreada de drogas ilegais em todos os estratos da sociedade filipina e o colapso da lei e da ordem”, citou a AFP. 

Durante a campanha, Duterte prometeu que acabaria com o crime na República das Filipinas nos primeiros seis meses do seu mandato, defendendo a introdução da pena de morte no país e ainda a criação de esquadrões da morte

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