Há mais mulheres e minorias nos Óscares de 2017, mas a diversidade ainda está longe

Depois dos #OscarsSoWhite, a Academia comprometeu-se a aumentar a diversidade e começou pelos membros convidados. No entanto, o caminho para a pluralidade das representações ainda é longo.

Foto
O número de convidados é duas vezes superior à lista da edição anterior KEVIN WINTER/AFP

Depois de a cerimónia de entrega de Óscares de 2016 ter sido marcado pela polémica dos #OscarsSoWhite, a Academia  de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou um número recorde de convidados a integrar a lista de membros da instituição: 683 pessoas. Com esta lista, a 90.ª edição fica para a história como a cerimónia com maior lista de novos membros votantes, mais do dobro comparativamente à edição anterior. A decisão parece ser uma tentativa de apagar a polémica deste ano, fortemente criticada por excluir actores não-brancos da lista de nomeações.

Depois dos pedidos de boicote à edição anterior, os números anunciados na quarta-feira mostram que, pelo menos na lista de pessoas com possibilidade de voto, haverá mais mulheres e uma maior representação de minorias, o que integra o plano de equilibrar a diversidade dos membros da Academia até 2020, uma medida anunciada pela instituição em Janeiro de 2016.

Este ano, o número de mulheres convidadas para integrar a Academia representa 46% dos convites. No entanto, se fizermos o balanço tendo em conta a lista de membros já existente, o número desce para 27%. O mesmo acontece com a lista de convidados não-brancos. Este ano, os novos membros são compostos por 41%. Mas, novamente, os 8% representados na equipa de membros anterior reduzem o número para apenas 11%.

Actualmente, 92% dos membros da Academia são de cor branca e 75% são homens. Para que os números se alterem, a Academia terá de aumentar significativamente o número de novos membros convidados a cada ano, mas as alterações não acontecem a curto prazo. Por exemplo, se todos os convidados este ano aceitarem integrar a equipa de membros da Academia, a percentagem de homens desce, mas apenas dois pontos percentuais, para 73%. O mesmo acontece se olharmos para o número de membros brancos, que descerá para 89%, compondo ainda a larga maioria dos membros da Academia.

Mas se as criticas se multiplicaram em direcção à Academia, também existiram vozes que se dirigiram à própria indústria, que fecha as portas a actores que não preencham os requisitos de Hollywood e excluem quer com base na cor de pele, quer com base na idade, denunciada maioritariamente pelas actrizes. E a Academia não deixou escapar a oportunidade para se dirigir à indústria e pedir maior inclusão.

“Encorajamos a comunidade criativa a abrir as portas e a criar oportunidades para qualquer interessado em trabalhar nesta incrível e histórica indústria”, sublinha Cheryl Boone Isaacs, presidente da Academia (a terceira mulher a ocupar o cargo e a primeira afro-americana) no comunicado partilhado na página oficial da Academia.

Para já a diversidade parece estar a ser incluída nos convites. Entre os seleccionados estão John Boyega, Freida Pinto, Alicia Vikander, Ice Cube, Eva Mendes, Marlon Wayans, Mark Rylance, Ken Loach, Daniel Dae Kim, Sam Taylor-Johnson, Patti LuPone, Kiyoshi Kurosawa, Michelle Rodriguez, Abbas Kiarostami e Sahim Omar Kalifa. Resta aguardar pelas nomeações da próxima edição, a 24 de Janeiro de 2017. A cerimónia acontece cerca de um mês depois, a 26 de Fevereiro de 2017, em Los Angeles.

Sugerir correcção
Comentar