Rajoy dá tempo ao PSOE para o convencer a entrar no Governo

Primeiro-ministro espanhol inicia negociações com outros partidos, após as eleições de domingo.

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Revigorado pelos resultados eleitorais, Rajoystá disposto a ficar algum tempo à espera dos socialistas Marcelo del Pozo/REUTERS

Mariano Rajoy iniciou esta quinta-feira os contactos com outras forças políticas para tentar formar um Governo de coligação, ainda que nenhum partido esteja entusiasmado com a possibilidade de se aliar ao Partido Popular (PP) para governar Espanha, e muito menos o PSOE, o segundo partido mais votado, e aquele a quem Rajoy quer dar preferência.

Sentindo-se vingado nas urnas, porque o PP foi o único partido que obteve mais deputados do que nas eleições de 20 de Dezembro – apesar de não ter um resultado suficiente para governar sozinho – Rajoy sabe que um Governo terá sempre de passar pelo PP e está disposto a ficar algum tempo à espera dos socialistas e, do Cidadãos, cujo apoio seria igualmente bem-vindo.

Nos cálculos do líder popular, a partir do momento em que o Parlamento tomar posse, a 19 de Julho, o PSOE terá muitas dificuldades em suportar a pressão de ser visto como responsável de umaseventuais terceiras eleições no prazo de um ano, se continuar a recusar a ideia de uma grande coligação, à alemã, diz o El País.

Dos primeiros contactos com o Pedro Sánchez, o líder do PSOE, Rajoy não tem grandes expectativas. Por isso prevê criar uma comissão negociadora para um programa de Governo de quatro anos, até “ver que haja vontade” de chegar a acordo. A sua preferência seria ter Sánchez no Governo – já anteriormente lhe teria oferecido a vice-presidência, diz o El País. No entanto, essa ideia foi sempre negada pelo PP.

Pelo menos por agora, o presidente do Governo em funções não avança em que pontos poderia ceder, embora tenha falado, durante a campanha, na possibilidade de “pactos de Estado” em cinco áreas: crescimento e emprego, pacto social, reforma fiscal e financiamento autonómico, educação e reforço das instituições.

O Cidadãos mantém a posição de não pretender coligar-se. José Manuel Villegas, vice-secretário-geral do partido, frisou que seria importante falar de conteúdos. “Para apoiar um presidente [do Governo] é necessário saber o que se vai fazer nos próximos anos”, frisou, citado pelo El Mundo. “Não tem sentido apoiar alguém com quem não se tem nenhuma sintonia”.

A direcção do Podemos, entretanto, divulgou nesta quinta-feira um documento de análise sobre os maus resultados eleitorais, em relação aos obtidos a 20 de Dezembro, em que identifica como um dos principais motivos a coligação com Esquerda Unida (IU).

A “estratégia do medo”, dos seus adversários políticos, bem como as consequências do “Brexit” e a presença na campanha das relações de alguns dos dirigentes do Podemos tiveram com o Governo da Venezuela são igualmente listadas, relata o El País. É perguntado aos simpatizantes se participaram na campanha e como acham que deve ser a relação com a IU daqui para a frente.     

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