Extrema-direita austríaca ameaça referendo para sair da UE

Ex-candidato às presidenciais, Norbert Hofer, quer uma União Europeia centrada na cooperação económica e sem integração política.

Foto
Norbert Hofer não quer "mais centralização" na UE Leonhard Foeger/REUTERS

Norbert Hofer, o candidato derrotado (por muito pouco) da extrema-direita austríaca à presidência da República, anunciou que se bateria pela realização de um referendo sobre a saída da Áustria da União Europeia “dentro de um ano”, se a UE reagir à votação britânica caindo na tentação de centralizar cada vez mais o poder em Bruxelas.

“Se o rumo tomado, no decorrer do próximo ano, for de uma maior centralização em vez de o de levar em conta os valores fundamentais da UE, então devemos perguntar aos austríacos se queles querem continuar a fazer parte da União”, afirmou Hofer, dirigente do Partido da Liberdade (FPÖ, de extrema-direita) e um dos presidentes do Parlamento austríaco.

Aquilo a que Hofer chama “valores fundamentais da UE” são, na verdade, os primórdios da UE, que começou por ser uma comunidade económica. O que defende é que a faceta da integração política deve recuar, restando apenas o aspecto económico, como defendeu em entrevista ao jornal tablóide Oesterreich deste domingo.

“Os pais fundadores da UE queriam garantir uma maior cooperação económica, porque os Estados que cooperam economicamente não fazem guerra uns contra os outros”, disse Hofer, citado pela Reuters. “Esta ideia funcionou muito bem até surgir a união política.”

No entanto, o líder da FPÖ, Heinz-Christian Strache, que faz parte do novo eixo de líderes de extrema-direita europeia e eurocéptica, como Marine Le Pen em França, Matteo Salvini em Itália ou Geert Wilders na Holanda, tem-se mostrado mais cauteloso. Tem dito apenas que a realização de um referendo sobre a saída da Áustria da UE – já baptizada “Auxit” – pode vir a ser um objectivo futuro do partido. A entrevista de Hofer foi um passo à frente na posição da FPÖ.

Uma sondagem realizada pela empresa Peter Hajek Opinion Strategies, ainda antes de serem conhecidos os resultados do referendo britânico, revelava que 40% dos austríacos gostariam de ser também consultados sobre a permanência do seu país na União Europeia, enquanto 55% estavam contra a ideia da consulta popular. Entre os que responderam ao inquérito, diz uma notícia no site Local Austria, só 28% disseram que gostariam que o seu país deixasse a UE. A grande maioria é a favor de ficar, mas há 15% que se mostram indecisos.

Os que mais apoiam a ideia de referendo são também os que votaram na FPÖ nas eleições presidenciais de 22 de Maio, em que a contagem dos votos à segunda volta foi renhida. Hofer está ainda a contestar os resultados, através de um processo no Tribunal Constitucional.

O chanceler austríaco, Christian Kern, garante que não será convocado nenhum referendo sobre a saída do seu país da União Europeia.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários