Detidas 12 pessoas na Bélgica por suspeitas de terrorismo

Buscas realizadas em 16 municípios belgas. Operações decorreram nas regiões de Bruxelas, Valónia e Flandres.

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Autoridades efectuaram buscas em várias regiões do país REUTERS/Francois Lenoir

As autoridades belgas detiveram 12 pessoas suspeitas de terrorismo, depois de buscas efectuadas a cerca de 40 casas, em 16 municípios. A megaoperação decorreu dias depois de um alerta de que um atentado estaria “iminente”.

As buscas decorreram "sem incidentes" nas regiões de Bruxelas, Valónia e Flandres, mas não foram descobertas armas ou explosivos, diz o comunicado do Ministério Público, citado pela AFP.

"Foram interpeladas 40 pessoas e 12 foram detidas. O juiz de instrução decidirá nas próximas horas a eventual manutenção das detenções", afirma o procurador federal, citado pela AFP. "Os elementos recolhidos durante a investigação comprovaram a necessidade imediata de intervir", justifica o Ministério Público na nota, sem adiantar nada sobre o que foi descoberto nem sobre a identidade dos suspeitos. 

Aparentemente, não foram encontradas nem armas nem explosivos nas operações, que envolveram ainda buscas em 152 garagens, adianta a Reuters. As buscas decorreram na região de Bruxelas (Bruxelas, Molenbeek, Schaerbeek, Anderlecht, Koekelberg, Berchem-Sainte-Agathe, Evere, Forest, Watermael-Boitsfort, Ganshoren), Flandres (Zaventem, Ninove, Wemmel) e Valónia (Fleurus, Tubize e Liège).

Segundo a RTBF, que avançou com a notícia, as pessoas interpeladas já estariam a ser seguidas há vários dias. “São suspeitas de pertencer a uma célula que tinha a intenção e os meios de cometer um atentado”, adiantou o canal belga.

Na quarta-feira passada, as autoridades alertaram para um ataque “iminente” contra a Bélgica, e provavelmente a França, por parte de extremistas que deixaram a Síria na semana anterior, referia uma nota dos serviços secretos belgas citados pelos media locais. O aviso aconteceu horas antes do início do Euro 2016, e um dia depois de um francês que matou um polícia e a companheira ter prometido transformar o campeonato de futebol num “cemitério”.

A estação VTM referiu que os detidos serão suspeitos de terem planeado um ataque em Bruxelas durante este fim-de-semana, no decorrer de um jogo de futebol. De acordo com a polícia judiciária, os combatentes estrangeiros estavam a chegar à Europa aos pares com o objectivo de cometer atentados.

Apesar disso, o organismo belga de análise às ameaças (OCAM) optou por não aumentar o nível de alerta terrorista, mantendo o 3 numa escala de 4. Mas foi reforçada a vigilância de potenciais alvos, como as esquadras da polícia, um centro comercial no centro da capital e restaurantes fast-food, acrescenta o Le Monde.

O diário francês refere ainda que quatro personalidades e as suas famílias – o primeiro-ministro, Charles Michel, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Didier Reynders, e os seus colegas do Interior e da Justiça, Jan Jambon e Koen Geens, respectivamente – foram colocados sobre alta protecção policial durante uma semana. “Medidas inéditas até agora, apesar do clima que se vive desde os atentados sangrentos de 22 de Março, no aeroporto de Zaventem e na estação de metro de Maelbeek”, que fizeram 32 vítimas, adianta o jornal.

Segundo o diário flamengo Het Nieuwsblad, foi detido este sábado um dos suspeitos dos atentados: um homem que trabalhava no aeroporto, com acesso directo aos aviões. Youssef E.A., de 30 anos e nacionalidade belga, foi “privado de liberdade e colocado sob mandato de captura [indiciado] por participação em actividades de um grupo terrorista, assassinatos num contexto terrorista e tentativas de assassinato num contexto terrorista, como autor, co-autor ou cúmplice”, anunciou o Ministério Público.

O suspeito estará ligado a dois outros acusados dos ataques de Março, Khalid El Bakraoui e Ali E.H.A (Ali El Haddad Asufi, segundo a imprensa), que alugara o apartamento em Bruxelas que serviu para preparar o atentado, avançam o Nieuwsblad e o Sudpresse. Um dos principais membros do movimento jihadista belga, Mohamed Abrini, acusado dos ataques de 13 de Novembro a Paris, e que reconheceu ser o “terceiro homem” do atentado ao aeroporto, adiantou que o objectivo inicial era um novo ataque a França.

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