Omar Mateen usou Facebook para prestar juramento ao Estado Islâmico

Autor do ataque à discoteca gay de Orlando pesquisou informações sobre os atacantes de San Bernardino, o líder do Estado Islâmico e sobre “tiroteios”.

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Omar Mateen foi descrito pelos apoiantes do Estado Islâmico como um "soldado do califado" Reuters

A poucas horas de assassinar 49 pessoas numa discoteca em Orlando, Omar Mateen prestou um juramento de fidelidade ao autoproclamado Estado Islâmico, através de uma publicação no Facebook, revelou o presidente da Comissão de Segurança Nacional do Senado norte-americano, Ron Johnson.

Na declaração, o atirador condenou os bombardeamentos contra as posições controladas pelo grupo jihadista na Síria no Iraque. “América e Rússia, parem de bombardear o Estado Islâmico… Juro a minha aliança a Abu Bakr al Baghdadi [líder do grupo]… que Alá me aceite”, escreveu Omar Mateen, segundo a carta divulgada pelo senador e citada pelo Washington Post.

Durante o dia do atentado, o atirador também fez pesquisas no Facebook, tais como “Pulse”, o nome da discoteca de Orlando, e “tiroteio” (shooting). Em Maio, Mateen fez buscas na mesma rede social para reunir informação sobre os autores do ataque de San Bernardino e, no início de Junho, utilizou a expressão “discurso Baghdadi” no motor de busca.

Durante o ataque à discoteca gay, na madrugada de domingo, Mateen ligou para os serviços de emergência, apresentando-se como o autor dos homicídios, e prestou novo juramento ao Estado Islâmico. Na mesma chamada, disse ainda apoiar os dois irmãos Tsarnaev responsáveis pelo atentado na Maratona de Boston, em 2013, e fez referência a outros grupos terroristas.

Os investigadores tentam neste momento perceber as motivações por trás do atentado cometido por Mateen. O director do FBI, James Comey, disse esta semana que parece improvável que o homem tivesse uma ligação directa a qualquer rede terrorista. Em conversas com colegas de trabalho, Mateen chegou a dizer que pertencia a grupos rivais, como a Frente al-Nusra — ligada à al-Qaeda — e o Hezbollah — uma milícia próxima do regime iraniano.

A própria conduta deste norte-americano filho de afegãos está impregnada de contradições, que parecem indiciar que as motivações por trás do ataque terão tido um teor mais pessoal do que político ou religioso. Segundo o Washington Post, Mateen bebia, consumia marijuana e usava esteróides; e há ainda os relatos de que chegou a frequentar a Pulse e que terá marcado encontros com outros homens.

As autoridades norte-americanas chegaram a ter Mateen na lista de indivíduos com potenciais ligações a actividades terroristas. Após três interrogatórios, o FBI não encontrou provas que o ligassem directamente a qualquer organização e acabou por removê-lo da lista.

Apesar de o Estado Islâmico ter reivindicado o ataque, e de os seus apoiantes se terem referido a Mateen como um "soldado do califado" — o termo que também foi usado para designar os autores das acções terroristas de Paris e Bruxelas —, o mais provável é que não tenha havido uma orquestração directa do atentado de Orlando. No Guardian, o jornalista Jason Burke utiliza o massacre na discoteca Pulse como um exemplo da "evolução em 20 anos da militância islâmica na direcção de um tipo de violência descentralizada, anárquica, mas tragicamente eficaz".

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