Dezasseis anos depois Guterres levanta o Congresso do PS

Guterres saúda Costa no palco da FIL. Ferro Rodrigues afirma: “O Estado Social tem de ser a nossa linha vermelha".

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António Guterres discursa durante o congresso Nuno Ferreira Santos
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O apoio a António Costa é dado pelo ex-primeiro-ministro Nuno Ferreira Santos
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Eduardo Ferro Rodrigues também discursou na tarde deste sábado Nuno Ferreira Santos
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Ao som de “1492”, de Vangelis, o congresso do PS levantou-se em aplauso, para ver entrar António Guterres num Congresso do PS, este sábado, em Lisboa, partido de que foi líder entre 1992 e 2001. Há 16 anos que o antigo secretário-geral não marcava presença num momento como este, já que o seu último congresso foi em 1999.

Durante breves minutos, o ex-primeiro-ministro começou por saudar os militantes – “Vocês não imaginam as saudades que tinha de aqui estar” – para aludir à sua candidatura a secretário-geral da ONU, lembrando que há o “risco, se as coisas correrem bem”, de voltar a não poder participar em congressos do PS.

Com os congressistas manifestamente emocionados e arrancando à sala a maior ovação do congresso até ao momento, António Guterres não hesitou em manifestar o seu apoio a António Costa ao afirmar que estava no Congresso para saudar o actual primeiro-ministro “neste momento difícil e decisivo para o país e o PS”.

Antes da novidade da entrada de Guterres no palco do Congresso, foi a vez de o outro antigo líder do partido, Eduardo Ferro Rodrigues, inovar nos moldes institucionais da política portuguesa, já que discursou enquanto membro da comissão política do PS, embora sendo presidente da Assembleia, Ferro Rodrigues fez questão de homenagear os anteriores militantes do PS que presidiram ao segundo órgão de soberania: Henrique de Barros, Vasco da Gama Fernandes, Teófilo Carvalho dos Santos, Manuel Tito de Morais e António Almeida Santos.

Ferro Rodrigues elogiou a capacidade do PS liderado por António Costa de resistir à pressão da direita neoliberal e ter evitado caminhos para o PS português que levassem à sua “descredibilização ética”, ao ter negociado entendimentos com o BE, o PCP e o PEV para formar um “Governo alternativo”.

Lembrando que “ao consenso keinesiano” que existia na Europa se impôs “o consenso de Washigton”, que passou a ter como objectivo “desregular” e “privatizar”, Ferro Rodrigues lembrou que os partidos socialistas sofreram a pressão neoliberal, apontando o PS como uma excepção porque resistiu a isso.

Ferro Rodrigues defendeu que o neoliberalismo tem a “tentação gulosa sobre o Estado Social”. E defendeu: “O Estado Social têm de ser a nossa linha vermelha”. E considerou que os socialistas têm de “conseguir consolidar” os próprios “instrumentos de formação política” como o neoliberalismo fez.

O lugar dos históricos do partido no palco do congresso foi também ocupado por Manuel Alegre. Logo de início tratou de responder antecipadamente a Francisco Assis que em entrevista dada ao Diário Noticias disse que o Governo estava manietado pelo BE e pelo PCP. Alegre foi peremptório a afirmar que o Governo do PS “não está manietado”.

O ex-candidato à Presidência da República fez questão de negar também que haja uma radicalização do PS e garantiu: “Quem radicalizou a vida portuguesa foi a coligação de direita” que “fez um PREC ao contrário”. E tratou de explicar que o PS é um partido reformista, enquanto a direita não faz reformas mas “fez a contra-reforma”. E citou mesmo Olof Palme para afirmar que “o difícil é fazer as reformas democráticas, as reformas da esquerda”.

Manuel Alegre teve ainda a preocupação de sustentar que a decisão de António Costa de romper com o arco da governação “é a libertação da democracia” e “a libertação de sectarismos e preconceitos”, no que significa “uma grande mudança cultural no nosso país”. Alegre considerou ainda que, devido ao Governo do PS, “há um despertar da esperança e essa é a maior vitória”.

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