Portugueses gastam mais 183 milhões de euros em jogo

Casinos e bingos aumentam receitas no primeiro trimestre, mas 89% do negócio é garantido pela Santa Casa. Novo jogo Placard já vale 13% das receitas

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Jogo em máquinas automáticas contribuiu para quase 82% das vendas brutas dos casinos Fábio Teixeira

Nos primeiros três meses do ano, as vendas brutas dos casinos, bingos e jogos sociais da Santa Casa aumentaram 32% em comparação com 2015. No total os portugueses gastaram 762,5 milhões de euros, mais 183 milhões face ao mesmo período do ano passado.

Os números reflectem o forte peso da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, cujas vendas brutas também subiram 36%, para 678,8 milhões de euros. O desempenho da instituição é influenciado pelo novo jogo de apostas desportivas à cota, o Placard, lançado em Setembro de 2015 e que representou 13% das receitas obtidas no primeiro trimestre. Em Janeiro, por exemplo, as vendas dos jogos da Santa Casa aumentaram perto de 44% em comparação com o mesmo mês de 2015, para 243 milhões de euros. Cerca de 12% deste valor foi conseguido com o Placard.

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Os jogos sociais do Estado, onde se incluem o Euromilhões e a Raspadinha, representam 89% da actividade de jogo que é pública e contabilizada. Aos jogos de fortuna e azar oferecidos por bingos e aos casinos cabe, assim, uma pequena fatia do total das receitas brutas. Este ano, e com a atribuição das primeiras licenças de jogo online, deverá ser possível ter números mais completos sobre esta actividade. A Betclic foi a primeira empresa a conseguir legalizar a actividade, quase um ano depois de estar em vigor a nova lei. Tanto as empresas que exploram os casinos, como a própria Santa Casa, já mostraram interesse em entrar no novo negócio.

Os casinos atravessaram um período de seis anos consecutivos de perdas até 2015 e, este ano, estão a conseguir manter uma evolução anual positiva. Entre Janeiro e Março, as receitas cresceram 5% face ao período homólogo do ano passado, alcançando os 71 milhões de euros. Contudo, quando se compara o resultado com os trimestres anteriores, verifica-se um abrandamento. As vendas brutas das quatro empresas que exploram as concessões do jogo em Portugal começaram a descer no quarto trimestre do ano passado (-6% face a terceiro trimestre) e mantiveram a tendência de quebra trimestral nos primeiros três meses de 2016 (-3%).

No relatório de contas de 2015, a Estoril Sol (grupo que detém os maiores casinos do país) descrevia que, em termos gerais, o sector do jogo de fortuna e azar teve uma taxa de crescimento de 8% e a indústria gerou receitas na ordem dos 288 milhões de euros. Mas lembrava que “as perdas acumuladas de receita nos últimos sete anos ascendem a aproximadamente 25% e equivalem a valores da ordem dos 100 milhões de euros”. Recorde-se que as receitas do jogo financiam em 62% o orçamento para promoção do Turismo de Portugal.

No primeiro trimestre, e de acordo com o Serviço de Regulação e Inspecção de Jogos, os casinos com mais receita foram os do Estoril, Póvoa do Varzim, Espinho e Algarve, “concentrando cerca de 88,8% do total”. O Estoril, onde circulam em média dois mil clientes nos dias de semana e cuja concessão pertence à Estoril Sol, continua a ter “uma posição predominante nas receitas brutas do jogo dos casinos em Portugal, representando 50% do total”. Em oito regiões com casinos, Figueira da Foz (concessionada à Amorim Turismo) e Funchal (Casino da Madeira, do grupo Pestana) foram as únicas que não obtiveram aumento de vendas no primeiro trimestre. A receita desceu 11,7% e 8,9%, respectivamente.

O jogo em máquinas automáticas contribuiu para quase 82% das vendas brutas entre Janeiro e Março, ou seja, 3,8 milhões de euros. Registou-se ainda um aumento de 45,6% do jogo de póquer não bancado.

Nos bingos, o crescimento tem sido gradual: o aumento médio trimestral é de 4,3%. Entre Janeiro e Março deste ano, o volume de jogo (que corresponde à totalidade da receita bruta da venda de cartões de jogo do bingo) aumentou 5,3% para quase 12,5 milhões de euros. É o valor mais alto desde o segundo trimestre de 2015.

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