Ministra diz que viabilidade económica do Porto de Lisboa está em causa

Ana Paula Vitorino diz que sindicato não aceitou desactivação da PORLIS.

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Patricia Martins

A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, disse esta segunda-feira que a greve dos estivadores compromete a viabilidade económica do Porto de Lisboa e voltou a apelar a um entendimento entre as partes.

"É uma situação que não pode continuar porque neste momento começa a ser posta em causa a viabilidade económica do próprio Porto de Lisboa. Isto não pode acontecer, estamos a degradar uma actividade extremamente importante para a economia nacional e para a criação de emprego", lamentou, à margem da tomada de posse da nova administração da Docapesca.

Afirmou igualmente que o Ministério do Mar "tem vindo a trabalhar em rede com todas as entidades para detectar e ultrapassar incumprimentos" quanto os serviços mínimos decretados pelo Governo, mas salientou igualmente que o país e o Porto de Lisboa não pode viver de serviços mínimos, pelo que serão necessárias outras soluções.

Questionada sobre os prejuízos causados pela greve que se prolonga há um mês, explicou que o impacto não se mede apenas no Porto de Lisboa, já que as empresas de outros portos têm feito esforços adicionais para acolher o tráfego de mercadorias desviado de Lisboa, nomeadamente Leixões ou Sines, o que se traduz em maiores custos, mas também mais receitas para essas infra-estruturas.

Por outro lado, há custos indirectos que não estão quantificados e que se traduzem em atrasos na laboração de fábricas por falta de material ou produtos que deixam de ser exportados.

A ministra do Mar salientou que a greve, que dura há quatro anos de forma intermitente e actualmente há cerca de um mês "é uma situação muito grave para a economia" que "persiste há demasiado tempo" e isso é "insustentável".

Assinalou ainda que existem muitas empresas dependentes do Porto de Lisboa "e mesmo que se faça todo o apoio logístico à transferência de cargas, quer para os serviços mínimos, quer para a transferência de cargas para outros portos nada justifica esta situação".

A ministra do Mar disse ainda estar "surpresa" com a recusa dos estivadores em aceitar a proposta dos operadores portuários que satisfazia uma das suas principais reivindicações -- a desactivação da PORLIS -- e sublinhou que os prejuízos da greve são nacionais.

"Foi com grande surpresa que vi que a reivindicação tornada pública pelo sindicato e que os operadores portuários se propunham acolher (...) não foi suficiente para acabar o conflito e agora aguardo que os operadores me digam que atitudes vão tomar para resolver o problema", afirmou Ana Paula Vitorino.

Em causa está uma proposta apresentada na sexta-feira ao sindicato dos estivadores, que incluía a desactivação da PORLIS (uma empresa de trabalho portuário) que, "infelizmente, não foi aceite", disse a ministra.

A ministra do Mar adiantou que os estivadores terão apresentado uma contraproposta que "vem adicionar exigências" relativamente aos motivos que tinham invocado para a greve e que se deviam essencialmente ao aparecimento da nova empresa de trabalho portuário "que, no entender do sindicato, iria aumentar a precariedade e a concorrência relativamente à empresa de estiva já existente".

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