Carlos Costa diz que saneamento da banca ainda vai a "meio do caminho"

Governador sublinha que os bancos e o próprio Banco de Portugal fizeram o “caminho das pedras” nos últimos anos.

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Carlos Costa Miguel Manso

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, considerou nesta terça-feira que o processo de reestruturação da banca ainda "está a meio do caminho", mas realçou o "grande esforço" feito nos últimos anos pelas instituições financeiras portuguesas.

"O presente é muito diferente do que tínhamos em 2010, embora ainda não estejamos no fim do caminho. Estamos a meio do caminho", lançou o líder do supervisor durante a conferência O presente e o futuro do sector bancário, organizado pela Associação Portuguesa de Bancos (APB) e pela TVI24, em Lisboa.

Carlos Costa vincou que o processo de saneamento da banca em Portugal foi feito de uma forma "gradual", lamentando que o país não tivesse tido a capacidade de criar um banco mau para acomodar os activos problemáticos da banca há seis anos, a exemplo do que aconteceu na Irlanda e em Espanha.

"Tivéssemos nós margem de acomodação em termos de dívida pública para fazer uma transferência de activos para um veículo", sublinhou, apontando para os exemplos irlandês e espanhol, em que a criação de esse banco mau permitiu resolver de uma assentada a maior parte dos problemas das instituições, mas com forte impacto na dívida pública.

"Na Irlanda e em Espanha houve um significativo aumento da dívida pública. No nosso caso, não havia capacidade para fazê-lo", assinalou. "Como era incompatível com a trajectória da dívida pública portuguesa, a via seguida foi a resolução de problemas de forma gradual", frisou o governador. E destacou: "Os bancos portugueses tiveram um caminho das pedras e o Banco de Portugal também".

De qualquer forma, segundo o líder do Banco de Portugal, graças ao "grande esforço" feito nos últimos seis anos, "o sistema bancário está mais bem capitalizado". Carlos Costa apontou para a redução dos custos, para o reforço do provisionamento e para a evolução positiva do rácio de créditos sobre depósitos para ilustrar a melhoria da solidez dos bancos portugueses.
"Mas há muito trabalho pela frente", salientou, dizendo que o principal desafio para o sector é recuperar a rentabilidade.

"A rentabilidade que tem que gerar capital e atrair capital para resolver problemas pendentes", sublinhou, considerando necessário proceder à "alienação de activos que penalizam a rentabilidade dos bancos" e ter "capacidade de resposta aos desafios do novo quadro europeu".

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