Quem é quem no PS

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Pedro Nunes/Arquivo

Ana Catarina Mendonça Mendes

É a mulher do aparelho de António Costa. A aproximação entre ambos é recente. Começou quando Ana Catarina Mendonça Mendes foi convidada por Costa para dirigir a sua campanha à conquista do poder no PS no Verão de 2014. Então, Ana Catarina tinha já dirigido a campanha interna de Francisco Assis, em 2011, aí também contra António José Seguro e fora directora jovem de campanha de Jorge Sampaio a Presidente.

Tornou-se um elemento essencial na hierarquia de poder partidário. Foi um dos agentes de Costa para a obtenção dos acordos à esquerda, nomeadamente com o PCP. E ele escolheu-a para secretária-geral adjunta, ou seja, para fazer a ligação ao partido e não deixar o aparelho à solta. Um papel que cabe que nem uma luva à experiente dirigente que tem ao longo dos últimos 20 anos construído a sua rede de poder partidário e que era na altura já presidente da Federação de Setúbal do PS, lugar que deixou para ser adjunta de Costa.

Nascida em 1973, Ana Catarina chega ao Parlamento em 1995, sob a orientação de Sérgio Sousa Pinto, a cuja direcção da JS pertencera, perdendo a sucessão por um voto para Jamila Madeira. Cedo começa a integrar as direcções da bancada. É em São Bento que inicia a aprendizagem de como se gerem sensibilidades e se dialoga com todos na conquista de apoios. Hoje, é uma das dirigente do PS que maior base militante assegura e é um dos nomes por onde o futuro da liderança do PS poderá passar. 

 

Carlos César

É um caso em que o lugar que ocupa explica a influência e o poder que detém. Presidente do partido desde que António Costa ascendeu ao poder é próximo do actual secretário-geral desde que ambos militavam na JS, apesar de César ser já então um sénior pois tem mais cinco anos que Costa. A proximidade e a longa amizade entre ambos permite que César seja a frente parlamentar do PS (liderando a bancada) de um partido cujo Governo assenta em três acordos bilaterais à esquerda de cariz inédito: com o BE, o PCP e os Verdes.

Embora só agora chegue a cargos de proeminência maior nacional, nascido em 1956, Carlos César não é um protagonista recente no PS. Foi ele que em 1996 conquistou com maioria absoluta os Açores ao PSD, tendo sido chefe do Governo durante 16 anos, até 2012. Um cargo que desempenhou com o mérito de o seu Governo não ter acumulado dívida pública. 

 

Duarte Cordeiro

É um dos mais jovens e mais influentes dirigentes do PS, há mesmo quem considere que proporcionalmente à idade é a figura com mais poder no partido. Duarte Cordeiro é o mandatário de António Costa na actual candidatura a secretário-geral, função em que tem prática: foi director de campanha de Manuel Alegre nas presidenciais de 2011, do PS nas últimas legislativas e tinha sido de Costa nas autárquicas.

Nascido em 1979, este economista, com perfil de liderança e de executivo, foi eleito vereador em Lisboa, no movimento de renovação da lista eleitoral que preparou a saída de Costa. E subiu a vice, quando Fernando Medina assumiu a presidência do município, cargo institucional que acumula com a liderança da concelhia do PS de Lisboa. Isto somado a uma rede de contactos nacionais que cultiva desde que foi líder da JS entre 2008 e 2010. Antes, integrou a direcção da associação de estudantes do ISEG (1998-2000), onde conheceu Francisco César e também Pedro Nuno Santos que o levou para a JS. Enquanto Pedro Nuno percorreu os cargos de poder distrital na JS de Aveiro, Duarte fazia o mesmo em Lisboa.

Institucionalmente, foi assessor na secretária de Estado da Juventude e Desporto (2005-2006) e vice-presidente do Instituto Português de Juventude (2006-2008), sendo eleito deputado em 2009. 

 

Eurico Brilhante Dias

Como relator da comissão parlamentar de inquérito ao Banif, Eurico Brilhante Dias tem-se destacado pela discrição a que a função obriga, mas também por um percurso de lealdade para com a direcção de António Costa. É mesmo apontado como o exemplo de sucesso no que tem sido o sanar da fractura interna causada pela violência da disputa entre Costa e António José Seguro, a cujo secretariado Brilhante Dias pertencia. Aliás, ele foi um dos mais ferozes combatentes contra Costa na campanha das primárias, destacando-se pela contundência oratória, por exemplo, nas intervenções televisivas.

Nascido em 1972, é doutorado em Gestão de Empresas e professor no ISCTE. É, aliás, frontal a assumir que faz questão de preservar a liberdade que lhe dá o facto de ter uma carreira académica que o faz feliz. Com a mesma naturalidade que afirma que no PS nunca procurou constituir uma rede de poder, apenas tem amigos, desde o tempo da JS.

 

Fernando Medina

Sucedeu a António Costa em Abril de 2015 como presidente da Câmara de Lisboa, objectivo para a qual foi eleito como vereador em 2013. É olhado dentro e fora do PS como um futuro líder e um potencial primeiro-ministro. E há quem considere que a vitória na capital em 2017 será marcante para a sua ascensão partidária.

Filho dos antigos dirigentes do PCP, Edgar Correia e Helena Medina, e nascido em1973, quando o pai vivia na clandestinidade, Fernando Medina teve uma educação de elite. Licenciado em Economia na Universidade do Porto, especializou-se em sociologia económica. Aproximou-se do PS em 1995, aquando dos Estados Gerais de António Guterres, tendo sido consultor do ministro da Educação, Marçal Grilo, e depois do primeiro-ministro. Em 2005, foi secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional de Vieira da Silva, no primeiro Governo de José Sócrates. Começou então a trabalhar com Pedro Marques, de quem ainda hoje é próximo, tendo ambos feito um percurso no PS fora do aparelho da JS.

Em 2009, foi dado como possível ministeriável, mas transitou com Vieira da Silva para o Ministério da Economia, como secretário de Estado da Indústria e Desenvolvimento. É nas funções que ocupa durante os Governos Sócrates que se destaca, quer primeiro na ligação à reestruturação da Segurança Social, quer depois nas alterações ao Código do Trabalho e na coordenação das Novas Oportunidades. Já na oposição, além da vice-presidência da bancada, integrou a Comissão de Acompanhamento da Troika. 

 

Francisco Assis

Em 2011, apoiado por António Costa, Francisco Assis candidatou-se contra António José Seguro, mas, após as últimas legislativas foi o líder do protesto contra a atitude do PS de romper com o arco da governação e fazer acordos à esquerda. Senhor de um brilhantismo de oratória e de uma forte preparação doutrinária (a que não será estranha a formação em filosofia), fê-lo dentro do que são as concepções moderadas em que sempre se destacou.

Nascido em 1965, muito cedo Assis teve protagonismo político como o mais jovem presidente de Câmara, ao ser eleito na sua terra, Amarante, em 1990. Cinco anos depois, foi eleito deputado ganhando relevância como líder parlamentar de António Guterres (1997 a 2002), cargo que voltou a ocupar com José Sócrates (2009 a 2011). Ao Parlamento português somou temporadas no Parlamento Europeu, onde permanece. Com uma longa vida partidária e provas dadas no partido também a nível local no Porto, é a referência da oposição a Costa, mantendo-se como uma permanente reserva para o futuro. 

 

José Vieira da Silva

É olhado como uma referência sobre Segurança Social em Portugal. Volta agora a ser ministro da área depois de o ter sido entre 2005 e 2009 com José Sócrates, tendo então transitado para ministro da Economia (2009-2011).

Nascido em 1953, Vieira da Silva é um dos seniores do Governo e olhado com respeito no PS, onde detém uma influência grande, fruto até da rede de conhecimentos a nível nacional que construiu no âmbito da Segurança Social. Destacou-se nesse domínio, sobretudo pela reestruturação do financiamento do sector que fez como ministro de Sócrates. Mas a sua carreira governativa começou com António Guterres, como secretário de Estado da Segurança Social (1999-2001) e depois das Obras Públicas (2001-2002), ao lado de Eduardo Ferro Rodrigues.

É, aliás, com Ferro Rodrigues que Vieira da Silva transita do MES para o PS e com ele que trabalha no ISCTE, universidade onde estes dois economistas se cruzam com o grupo de sociologia liderado por Paulo Pena Pires, que, entre outros, incluía Paulo Pedroso. 

 

Manuel Pizarro

É, na prática, o vice-presidente da Câmara do Porto e um dos dirigentes socialistas que uma maior rede de influências detém, até porque é presidente da maior federação do PS, a do Porto. Trabalhador incansável e detentor de uma capacidade de fazer política que muitos dizem ter trazido do PCP, onde militou em jovem, Manuel Pizarro conseguiu a proeza de transformar em poder real para o PS a sua candidatura àquela câmara, obtendo o pior resultado local do PS. Entrou em acordo com Rui Moreira e já prolongou o seu pacto concelhio para as próximas autárquicas, criando até a situação inédita de o PS não ir aparecer nos boletins de voto.

Médico, nascido em 1964, continua a exercer uma vez por semana no Hospital da Ordem da Trindade. Teve uma passagem pelo Governo, como secretário de Estado da Saúde de José Sócrates. Na Câmara desenvolve o seu trabalho institucional como vereador responsável pela Habitação e Acção Social. 

 

Marcos Perestrello

É um dos homens do aparelho do PS, ao presidir há seis anos a uma das mais importantes estruturas do PS: a Federação Distrital de Lisboa (FAUL). Ao peso no aparelho, Marcos Perestrello junta o currículo institucional: é secretário de Estado da Defesa, cargo que ocupou já com José Sócrates (2009 a 2011), e foi vice-presidente da Câmara de Lisboa (2007 e 2009).

Nascido em 1971 e licenciado em Direito, foi o número dois de Sérgio Sousa Pinto na JS. Nos governos de António Guterres, cedo integrou o gabinete de António Costa, iniciando uma carreira em que foi evidente a proximidade com o agora líder. Mas Perestrello tem sabido autonomizar-se e construir um espaço no partido que mostra já que terá uma palavra a dizer sobre o futuro do PS. 

Mariana Vieira da Silva

É uma das promissoras estreias no Governo de António Costa, com quem trabalha desde 2012, altura em que colaborou na elaboração do programa eleitoral à Câmara de Lisboa. A colaboração não parou mais. A agora secretária de Estado adjunta do primeiro-ministro participou na coordenação da moção ao congresso, na Agenda para a Década, no programa eleitoral e no programa de Governo. É nessas tarefas que ganha prestígio e vai construindo uma rede de conhecimento no PS. Agora, no Governo, tem a seu cargo a coordenação política da agenda e a comunicação.

Nascida em 1978, é filha de Vieira da Silva. Inscreveu-se no PS em 2002, quando Eduardo Ferro Rodrigues perdeu as eleições. Mariana Vieira da Silva tem um perfil mais doutrinário e político e uma capacidade de trabalho e de organização que é destacada por vários socialistas. É olhada como um quadro político decisivo no futuro do PS e há mesmo quem diga que qualquer que venha a ser o líder e o primeiro-ministro do PS vai querer tê-la ao seu lado. 

Pedro Marques

É o senhor “fundos estruturais”. Como ministro do Planeamento e das Infrestruturas é Pedro Marques quem gere o investimento que chega a Portugal através do Programa 2020. Foi, aliás, ele quem coordenou a elaboração do Programa Nacional de Reformas. Nascido em 1976, é olhado como uma das vedetas da nova elite socialista.

Economista, nascido em 1976, inicia-se nas lides governativas no segundo Governo de António Guterres como secretário de Estado da Segurança Social do ministro Paulo Pedroso (2001-2002). Repete o lugar no Governo de José Sócrates, trabalhando então com o ministro Vieira da Silva e com Fernando Medina, de quem é próximo. Foi vice-presidente da bancada parlamentar entre 2011 e 2014, tendo-se afastado, então, para regressar à política integrando o Governo de António Costa. Tem o seu peso específico e uma carreira institucional que nunca passou pela máquina partidária. 

Pedro Nuno Santos

É a estrela em ascensão que mais se destaca no universo socialista. Como secretário de Estados dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos é um elemento vital à manutenção da base parlamentar do Governo e foi um dos obreiros dos acordos com o BE, o PCP e o PEV. Ao ascendente partidário que ganhou com o seu lugar de radar central do Governo por quem tudo passa, acrescenta o facto de ser um dos homens do aparelho socialista. É mesmo um dos mais presentes na máquina do partido, já que por ser presidente da Federação de Aveiro, detém uma rede de contactos a nível nacional que mantém desde que foi líder da JS (2004-2008).

Nascido em 1977 e licenciado pelo ISCTE, onde foi dirigente associativo, chegou ao Parlamento em 2005, onde se destacou como protagonista pela legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e mais tarde, já com a troika em Portugal, afirmou: “: “Estou a marimbar-me que nos chamem irresponsáveis. Temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses. Essa bomba atómica é simplesmente não pagarmos. (…) Ou os senhores se põem finos, ou nós não pagamos.”

Olhado então como um radical de esquerda, não deixou de chegar onde está. E mesmo que o Governo caia por falência dos acordos, isso não será penalizante ao ponto de o Pedro Nuno Santos desaparecer do mapa socialista. Ele é mesmo olhado como uma peça fundamental do futuro do partido. 

Pedro Silva Pereira

Pedro Silva Pereira, nascido em 1961, é um dos seniores da actual elite socialista. O seu prestígio intelectual é grande e tem a aura de ter sido o mentor da construção do projecto de poder e da maioria absoluta de José Sócrates, de quem foi o principal estratega, tendo sido ministro da Presidência do Conselho de Ministros entre 2005 e 2011.

Eurodeputado desde 2014 e mantendo-se na Comissão Política, Pedro Silva Pereira regressa agora à primeira linha da direcção ao ser o redactor da moção de estratégia global de Costa, de quem é amigo desde os tempos em que ambos cursaram a Faculdade de Direito de Lisboa.

Foi, aliás, Costa quem indicou Silva Pereira, então já advogado e professor universitário, a Sócrates no primeiro Governo de António Guterres. Começou então uma parceria política com Sócrates, de quem foi assessor jurídico tanto no Minitério do Ambiente (1995-1997) como, depois, quando Sócrates chegou a ministro-adjunto do primeiro-ministro (1997-1999). 

Vasco Cordeiro

Nascido em 1973 e licenciado em Direito, Vasco Cordeiro substituiu Carlos César no PS - Açores, vencendo as regionais de 2012 e mantendo a maioria absoluta e a chefia do Governo Regional para o PS. É assim uma peça importante no poder partidário pois lidera uma estrutura com peso e tradição no PS e tem peso eleitoral próprio. Isto porque se Vasco Cordeiro substituiu Carlos César ele tem já um espaço próprio na geografia socialista. 

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