Chefe de Governo austríaco apresenta demissão

Derrota nas eleições presidenciais e críticas à política migratória motivam saída de Werner Faymann.

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Chanceler Werner Faymann demitiu-se de "todas as suas funções" Leonhard Foeger / Reuters

O chanceler austríaco, Werner Faymann, apresentou a sua demissão, revelou esta segunda-feira uma porta-voz do Governo. O mau resultado dos sociais-democratas nas eleições presidenciais e a controvérsia em torno das políticas de asilo estão por trás da decisão.

O anúncio foi feito durante uma conferência de imprensa convocada à última da hora, descreve a Reuters. A porta-voz da chancelaria, Anja Richter, revelou que Faymann se demitiu “de todas as suas funções”. A cúpula do Partido Social Democrata (SPÖ) vai reunir-se esta tarde, revela a AFP.

Faymann demitiu-se por não contar com o apoio do partido por inteiro, explicou a porta-voz. A chefia do Governo será ocupada de forma temporária pelo actual vice-chanceler, Rheinold Mitterlehner. O dirigente do ÖVP, partido conservador que faz parte da coligação de Governo, afastou o cenário de antecipar as eleições federais marcadas para 2018. À frente dos socialistas deverá ficar o actual presidente da câmara de Viena, Michael Haeupl, segundo a BBC, que cita o jornal Der Standaard.

A pressão sobre Faymann aumentou depois da surpreendente derrota do SPÖ na primeira volta das eleições presidenciais de 24 de Abril. A vitória coube ao candidato da extrema-direita, Norbert Hofer, que vai disputar a segunda volta contra Alexander van der Bellen, dos Verdes, marcada para 22 de Maio.

Foi a primeira vez desde a II Guerra Mundial que os dois partidos mais representativos, o SPÖ e o ÖVP, ficaram de fora da segunda volta das presidenciais.

O Governo austríaco também tem sido criticado pela forma como tem lidado com a crise dos refugiados no país. No final de Abril, o Parlamento aprovou uma lei que pretende limitar a concessão de asilo – bastando a declaração de um “estado de emergência”. No ano passado, o país recebeu mais de 90 mil pedidos de asilo e os sociais-democratas foram pressionados pelos parceiros de coligação para fixar um limite ao número de refugiados que pode receber.

Ao mesmo tempo, Viena pretende fechar a fronteira com a Itália, mediante a construção de uma barreira de 400 metros na passagem de Brenner, um vale que delimita a fronteira, sendo que é também uma rota muito movimentada nos Alpes. Durante o fim-de-semana, uma estação de comboios e a auto-estrada foram ocupadas por 500 manifestantes, em protesto contra a medida.

Esta decisão também motivou declarações de repúdio por parte do Governo italiano. O ministro do Interior, Angelino Alfano, disse ser “inaceitável a lógica de erguer muros” e recebeu o respaldo da Comissão Europeia e da Alemanha, que também criticaram a Áustria.

Os sindicatos e a juventude partidária do SPÖ também se mostraram críticas da política restritiva do Governo em relação à imigração, escreve a Reuters. Faymann liderava o Governo, uma grande coligação entre o SPÖ e o ÖVP, desde 2008, tendo sido reeleito nas últimas eleições federais, em 2013. "Tenho a firme convicção de que este país é forte o suficiente para fazer face aos desafios do futuro", afirmou o agora ex-chanceler.

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