Marcelo diz que teve "agradáveis surpresas" relacionadas com a paz

Na sua visita de Estado a Moçambique, o Presidente reuniu-se com uma delegação parlamentar da Renamo.

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Marcelo foi recebido no Parlamento pelos três partidos, Frelimo, Renamo e MDM Rui Ochôa/Presidência da República

O Presidente português disse esta quarta-feira ter tido nos últimos dias "agradáveis surpresas" de preocupação com a paz em Moçambique e aproximação entre o Governo da Frelimo e a oposição da Renamo, mas ressalvou que "é cedo" para tirar conclusões.

Marcelo Rebelo de Sousa transmitiu esta posição aos jornalistas no Centro Cultural Português em Maputo, após uma reunião com uma delegação parlamentar da Renamo, na qual o Governo português também esteve representado, através da secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro.

Questionado se estava mais otimista do que quando iniciou a sua visita oficial a Moçambique, respondeu: "Eu não direi optimista, porque não gosto de pôr o carro à frente dos bois. O que eu digo é que tive agradáveis surpresas nos últimos dias".

"Agradáveis surpresas na preocupação com a paz, na preocupação com a situação económica, financeira e social, agradáveis surpresas quanto à urgência de haver uma aproximação de pontos de vista e agradáveis surpresas quanto à vontade de haver essa aproximação. Agora, estamos neste momento nesta situação. Se souber mais alguma coisa, eu digo", acrescentou.

Interrogado sobre as diferentes posições de Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) e Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) sobre uma eventual mediação internacional, o chefe de Estado português defendeu que o fundamental nesta fase é encontrar objectivos comuns, e não discutir os meios para os alcançar.

"Do que eu ouvi já da perspectiva das autoridades em funções e do grupo parlamentar da Renamo, eu acho que une, primeiro, a ideia de que a paz é uma prioridade para o futuro de Moçambique; segundo, que essa paz tem a ver com a situação económica e financeira e social", disse. De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, estas são duas preocupações "em que há convergência de pontos de vista".

"Terceiro, que há uma premência, uma urgência em olhar para essas questões, porque o tempo não pára em termos internacionais nem económica nem financeiramente, nem politicamente", prosseguiu. O Presidente português considerou ainda que existe "uma vontade multilateral de vários sectores da sociedade moçambicana no sentido de convergências", concluindo: "O simples facto de haver estes quatro pontos de acordo é um bom sinal".

Marcelo Rebelo de Sousa contou que recebeu de Ivone Soares uma mensagem escrita do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que disse ainda não ter lido. "Mas deve provavelmente ser igual àquilo que me foi transmitido", disse.

O chefe de Estado salientou, contudo, que ainda só se reuniu com uma delegação da Renamo, presidida pela sua líder parlamentar, Ivone Soares, e só na sexta-feira terá os encontros com Frelimo e MDM: "Vamos ouvir agora os outros grupos parlamentares e depois falaremos".

"A vida não termina amanhã ou depois de amanhã, embora para mim com muita tristeza termine esta visita já a Moçambique depois de amanhã [sábado]. Isto significa que haverá certamente oportunidade para voltar a falar destas matérias", considerou.

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