Declarações de João Soares são “inqualificáveis”, diz PSD

Hugo Soares preferiu não pedir a demissão do ministro, como fez outro vice-presidente da bancada parlamentar social-democrata

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Hugo Soares Rui Gaudêncio

Na reacção oficial do PSD, o vice-presidente da bancada parlamentar Hugo Soares considerou que o facto de o ministro da Cultura ter prometido bofetadas a dois colunistas do PÚBLICO é inqualificável, mas não pediu declaradamente a demissão do ministro, como fez Sérgio Azevedo, outro vice-presidente da bancada social-democrata, a título pessoal, no Facebook.

“As declarações de João Soares são verdadeiramente inqualificáveis e demonstram um padrão do PS na reação às críticas legítimas que lhe são feitas”, disse Hugo Soares, numa declaração aos jornalistas no Parlamento. “O PS não se pode afirmar como paladino da liberdade de expressão às segundas, quartas e sextas e às terças e quintas comportar-se como 'os donos disto tudo'”, afirmou ainda o deputado social-democrata, acusando o PS de "não ter respeito nenhum pela liberdade de expressão”.

Questionado directamente se o PSD defende a demissão do ministro da Cultura, Hugo Soares fugiu à resposta, voltando a dizer que as declarações de João Soares são "manifestamente inqualificáveis". A posição oficial do PSD era aquela que acabara de repetir e que as opiniões pessoais dos colegas deputados "são opiniões que não vinculam o Partido Social Democrata". 

Antes desta declaração oficial do PSD, Sérgio Azevedo, vice-presidente da bancada parlamentar social-democrata, defendeu no Facebook a demissão de João Soares. "Um ministro (sim com 'm' pequeno, minúsculo) que promete "bofetadas" a um crítico, para além de ser um tipo pequenino, só tem um caminho: a demissão!", lê-se no post de Sérgio Azevedo.

Um ministro (sim com m pequeno, minúsculo) que promete "bofetadas" a um crítico, para além de ser um tipo pequenino, só tem um caminho: a demissão!

Posted by Sergio Azevedo on Thursday, April 7, 2016

Na declaração aos jornalistas, Hugo Soares deixou ainda uma alfinetada a António Costa, lembrando o polémico sms enviado pelo então candidato a primeiro-ministro a um jornalista do Expresso por causa de um artigo de opinião.

O CDS-PP também não pede a demissão do ministro e sustenta que João Soares deve pedir desculpa. "Em democracia, o confronto de ideias e a crítica são sempre legítimos. O que não é legítimo é um ministro da República reagir às críticas com ameaças de confronto físico. Por isso, o mínimo que se pode exigir é um pedido de desculpas", afirmou aos jornalistas o deputado centrista António Carlos Monteiro no Parlamento. Numa curta declaração, o centrista considerou o comportamento do ministro "lamentável".

Já os responsáveis do Bloco de Esquerda não vão fazer declarações públicas, mas o partido já tomou uma posição através de uma fonte oficial ouvida pelo PÚBLICO: "No caso do ministro João Soares são coisas que um governante não deve dizer. Não é o cargo que se deve adaptar ao titular, é o titular que se deve adaptar ao cargo."

Contactado pelo PÚBLICO, o grupo parlamentar do PS diz que "está em silêncio". A bancada do PCP  ainda está a ponderar se vai assumir uma posição pública sobre a ameaça do ministro.

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