Ofensiva anti-regime ameaça trégua na Síria

Aliança de grupos extremistas conquistou pelo menos cinco vilas ao regime em quatro dias. É a ofensiva mais duradoura lançada por rebeldes desde que começou a cessação de hostilidades.

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Abu Firas morreu num bombardeamento no domingo. Era próximo de Osama bin Laden. Al-Manara Al-Baydaa/AFP

Uma aliança de grupos rebeldes islamistas liderada pela Frente al-Nusra avançava esta segunda-feira pelo quarto dia consecutivo numa ofensiva contra forças leais ao regime que ameaça a parcial trégua na guerra civil, em vigor desde o início de Março. Os combates começaram na sexta-feira no Sul da cidade estratégica de Alepo e desde então os rebeldes islamistas já conquistaram pelo menos cinco vilas ao regime.

A campanha chefiada pelo satélite da Al-Qaeda na Síria coincide com uma mudança de postura na estratégia militar do regime e seus aliados Rússia e Irão, agora mais concentrados em ofensivas contra o grupo Estado Islâmico no centro do país do que nos rebeldes do Norte — nesta segunda-feira, por exemplo, o Exército sírio conquistou a cidade de al-Qaryatain aos jihadistas, próxima de Palmira.

A cessação de hostilidades negociada entre a Rússia e os Estados Unidos tem sofrido violações diárias de parte-a-parte, mas esta é a primeira vez que forças anti-regime executam uma ofensiva tão eficaz e duradoura. O último mês de trégua permitiu que várias localidades sob cerco recebessem ajuda humanitária e deu lugar a um dos períodos menos violentos dos últimos cinco anos de conflito.

Frente al-Nusra e Estado Islâmico não são abrangidos pela trégua. Mas a ofensiva começada na última semana integra importantes grupos rebeldes islamistas que até agora tinham obedecido razoavelmente à cessação de hostilidades — como a aliança Ahrar al-Sham, por exemplo — e que aproveitam agora o avanço dos jihadistas ligados à Al-Qaeda para recuperar território perdido para o regime nos primeiros meses do ano.

Estes grupos rebeldes justificam a campanha militar dizendo que também o regime viola severamente a trégua e afirmando que os jihadistas da al-Nusra avançariam mesmo sem o seu apoio. “Não acreditamos que a al-Nusra deve conquistar estes territórios sozinha”, afirmou ao Financial Times o porta-voz das brigadas Nour al-Din al-Zinki. “Nós denunciámos repetidamente todas as violações do regime, mas não houve pressão da parte da comunidade internacional… Ninguém iria parar isto.”

Paralelamente, um dos mais destacados líderes da al-Nusra morreu no domingo num bombardeamento que a Reuters afirma ter sido autoria dos Estados Unidos. Abu Firas, nome pelo qual era conhecido, foi um companheiro próximo de Osama bin Laden durante a ocupação soviética do Afeganistão na década de 80. No mesmo bombardeamento, próximo da cidade de Idlib, morreram cerca de 20 combatentes da al-Nusra e de outra facção rebelde extremista, Jund al-Aqsa.

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