Santana não fecha a porta a uma candidatura autárquica

Ex-líder do PSD critica aqueles que não têm disponibilidade para irem ao congresso, mas "arranjam tempo para estar com os outros partidos da esquerda radical na aula magna de Lisboa.

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O ex-líder do partido foi um dos mais ovacionados Adriano Miranda

Pedro Santana Lopes surpreendeu o congresso do PSD ao afirmar que o partido deve ter calma em relação às eleições autárquicas de 2017 e deixou no ar a eventualidade de poder vir a aceitar um novo desafio nesse âmbito.

Começando por dizer que se apercebeu à chegada ao conclave, em Espinho, que o partido já “está com o fito nas autárquicas”, Santana afirmou: “Sobre isso quero dizer ao partido, keep cool, tenham calma,” tudo tem o seu tempo”. O partido levantou-se em ovação a Santana pela segunda vez. Antes, o antigo líder do PSD levantara o conclave em ovação a Cavaco Silva.

Num discurso em que abordou várias questões quer no plano nacional quer de âmbito internacional, Santana Lopes elogiou a “maneira fria, responsável e determinada” do líder do partido, perfil que considerou importante para Portugal vencer alguns dos obstáculos nos últimos quatro anos, destacando o mediático “caso do irrevogável” em que Passos Coelho recusou aceitar a demissão do então ministro Paulo Portas, em nome da estabilidade do país.

“Pedro Passos Coelho, com a sua determinação, conseguiu aquilo que nenhum outro líder conseguiu”, disse, elogiando-o de novo: “Cometeu a extraordinária proeza de vencer as eleições depois de quatro anos de austeridade”. Perante uma sala cheia, que o ouviu atenta, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa insurgiu-se contra aqueles que criticam o líder de estar sozinho, quando ele ganhou as eleições legislativas e as eleições directas. O PSD não pode criticar a coligação de esquerda que deitou abaixo o Governo no Parlamento apesar de ter ganho eleições. Frisando que Passos ganhou as eleições, Santana avisou os que o criticam que ele ganhou as legislativas e venceu as primárias com 95% de votos, logo não é um líder isolado. 

Pediu, por isso, ética e em nome dela, citou Francisco Sá Carneiro, para quem “a política sem convicção, é uma chatice, e sem ética, é uma vergonha”. Já quase no final da sua intervenção, Santana ensaiou uma comparação entre Sá Carneiro e o actual líder do partido, mas acabou a dizer que “Pedro Passos Coelho tem de trabalhar muito para chegar a esse ponto”. 

Embalado pelos aplausos, o ex-líder do partido não esqueceu Marcelo Rebelo de Sousa, que há dois anos entrou no congresso do Coliseu dos Recreios para “conquistar o coração” dos portugueses. Fez referência à “felicidade” que o Presidente da República “irradia no exercício das suas funções”. E daqui partiu para um elogio a Cavaco Silva. O congresso levantou-se e na sala ouviu-se “PSD, PSD, PSD”.

Santana Lopes aproveitou ainda o palco de Espainho para disparar um último remoque. Sem citar nomes, criticou aqueles que “não têm disponibilidade para estar aqui no congresso, mas que arranjam tempo para estar com os outros partidos da esquerda radical na aula magna [da Universidade de Lisboa]". As palavras de Santana tinham um destinatário: José Pacheco Pereira.

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