Onde a Câmara do Porto vê fracasso, a TAP vê números recordes

Autarquia liderada por Rui Moreira não dá tréguas à guerra que declarou à TAP e divulga taxas de ocupação nos primeiros dias de ponte aérea entre Lisboa e Porto.

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O presidente da IATA criticou a "instabilidade criada" com a suspensão da venda da TAP Raquel EsperanÇa

A Câmara do Porto considerou esta terça-feira que a ocupação da ponte aérea Porto-Lisboa "está a ser um fracasso para a TAP", dizendo que a taxa de ocupação média se situou em 57% no primeiro dia de funcionamento. "Os números não mentem, o primeiro dia de ponte aérea entre o Porto e Lisboa, domingo, 27 de Março, não foi o sucesso que a TAP anunciou", defendeu a Câmara do Porto, em resposta ao comunicado que a TAP lançou, no final do domingo de Páscoa a assinalar que todos os 18 voos ficaram esgotados.

As duas instituições falarão da mesma realidade, o arranque da ponte aérea entre o Porto e Lisboa, com ligações a toda a hora, mas as cores com que a pintam não poderiam ser mais opostas. Na nota publicada, a autarquia destaca que "a ocupação média não ultrapassou em muito os 50%, e que chegou a ser de 6% num dos voos, muito aquém dos 97% garantidos nos voos internacionais directos do aeroporto Sá Carneiro". "O segundo dia terá corrido ainda pior, com atrasos sucessivos e um cancelamento. No mesmo dia, a Ryanair atingiu 78% de ocupação no mesmo trajecto", acrescenta a autarquia.

Já de acordo com a TAP "no primeiro dia de operação da Ponte Aérea (domingo), a companhia bateu o recorde de passageiros transportados entre Lisboa e Porto e ontem [segunda-feira] esse número foi ainda superior". "Não divulgamos nem o número de passageiros, nem as taxas de ocupação, porque essa é informação comercial reservada [habitualmente não divulgada pelas companhias relativamente a rotas específicas] ", afirmou fonte da transportadora aérea.

Segundo a companhia, "a tendência é que os números de passageiros transportados e a procura pelos voos da Ponte Aérea se consolidem, levando a uma cada vez maior procura, até porque os meses em que tradicionalmente ela aumenta estão a chegar (Verão)".

Contudo, e segundo dados divulgados pela Câmara do Porto, no primeiro dia "houve voos com 6% de ocupação" e "a média dos 18 voos foi de 57%". "Apesar da maioria dos voos terem acontecido com aviões de pequena dimensão e poucos lugares, as taxas de ocupação foram muito baixas", realça a Câmara do Porto, revelando que "logo de manhã, a TAP fez uma ligação com um Airbus A319, com 126 lugares, onde só sete estavam ocupados". E assinala: "a operação, ao longo do dia, foi sendo garantida por aviões muito diversos, como Airbus 319, A320, os ATR42 e ATR72 e Embraer, ou seja, alguns dos voos foram operados com aviões com cerca de 40 lugares, o que nem assim fez aumentar as taxas de ocupação".

A câmara salienta por esse motivo que "com taxas de ocupação desta ordem é impossível rentabilizar voos e obter proveito das ligações, ao contrário do que acontecia com as ligações descontinuadas do Porto para a Europa (74 voos semanais), que apresentavam taxas de ocupação da ordem dos 90%". 

A autarquia compara ainda os voos da TAP com os da Ryanair que teve com taxas de ocupação sempre acima dos 70% e uma média de 78% nos seis voos entre as duas cidades, sempre com aviões com mais de 100 lugares. "Mais importante, os 13 voos internacionais realizados pela TAP do Porto para a Europa, no dia em que iniciou a ponte aérea, registaram uma média de ocupação de 97,63%, ou seja, todos os aviões saíram praticamente cheios nas ligações do Porto à Europa", acrescenta.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, tem criticado a estratégia da TAP para o Porto, acusando-a de ter em curso uma estratégia para "destruir o aeroporto Francisco Sá Carneiro", com vista a construir em Lisboa "um novo aeroporto e uma nova ponte". E 

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