Portugal considera má notícia relatório dos EUA sobre as Lajes

Ministro dos Negócios Estrangeiros diz acreditar no diálogo com Washington. Governo dos Açores propõe revisão do acordo de cooperação com os Estados Unidos.

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Miguel Madeira

As autoridades portuguesas admitem ser uma má notícia a informação de que o relatório do Departamento de Defesa dos EUA entregue ao Congresso afasta a hipótese de a Base das Lajes receber um centro de informações. Contudo, mantêm a esperança de uma solução.

 “Não é uma boa notícia”, disse o primeiro-ministro António Costa, questionado em conferência de imprensa na Madeira, durante a visita oficial que efectuou esta terça-feira à Região Autónoma.

“Vamos continuar a trabalhar, designadamente, com o Governo Regional dos Açores, para procurar encontrar a melhor solução possível face à evolução que as decisões dos diferentes órgãos americanos têm tido relativamente à utilização das Lajes”, respondeu.

Já Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, referiu ter esperança numa solução, apesar de o relatório entregue pelo Pentágono excluir usos alternativos para a base. "Mantemos a esperança de que a importância estratégica das Lajes seja bem compreendida, tendo como consequência que aquela estrutura possa ser plenamente aproveitada, também, pelas Forças Armadas dos EUA, com os fins de defesa e segurança que entender convenientes", disse o chefe da diplomacia portuguesa em Nova Iorque, onde participou esta segunda-feira no debate do Conselho de Segurança da ONU.

O ministro português referiu que o processo de decisão norte-americano não está concluído. “Ainda não está concluído, porque sabemos das diligências havidas no Congresso e da interacção entre a administração e o Congresso. Sabemos que os vários pontos dessa interacção não estão todos esgotados", disse.

O chefe da diplomacia de Lisboa referia-se às investigações do Congresso sobre a manipulação de estudos para justificar a instalação do centro em Inglaterra. "Não conhecemos ainda a reacção do Congresso e, portanto, aguardamos o desenvolvimento normal do processo de decisão interno dos EUA", sublinhou.

O relatório do Departamento de Defesa dos EUA afasta a hipótese de a Base das Lajes receber um centro de informações, que está planeado para Inglaterra, e de qualquer outro uso alternativo. "A base aérea de Croughton, no Reino Unido, continua a localização óptima para o Complexo de Análise de Informação Conjunta. Com base em requisitos operacionais, as Lajes não é a localização ideal", disse um porta-voz do Pentágono à Lusa.

No entanto, Santos Silva disse acreditar na continuação do diálogo. "Mantemos a nossa posição, segundo a qual a Base das Lajes tem uma importância estratégica que os EUA bem conhecem. Continuaremos a falar com os nossos amigos norte-americanos sobre os termos da nossa cooperação em matéria de defesa e de segurança", concluiu o ministro.

Perante esta situação, o presidente do Governo dos Açores considerou que está esgotada a última possibilidade para uma “boa solução” para a Base das Lajes, ao comentar o relatório que afasta a hipótese de receber um centro de informações ou outro uso.

“Julgo que se esgotou a última possibilidade de, dentro do actual quadro do acordo de cooperação e defesa [com os Estados Unidos], podermos ter uma boa solução ou uma solução satisfatória para esta questão”, afirmou esta terça-feira Vasco Cordeiro em Ponta Delgada. Para o presidente do Governo Regional dos Açores, “não resta outra alternativa senão desencadear um processo de revisão do acordo de cooperação e defesa”, assim como dos acordos técnico e laboral, considerando que “os pressupostos que presidiram à celebração do acordo naquilo que tem a ver com a presença norte-americana são completamente diferentes”.

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