A ideia tem barbas e nunca vai a lado nenhum

A partir de uma ideia com barbas – subverter e humanizar a figura de Deus, Ele mesmo – o filme nunca vai além das piadas mais óbvias.

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Queixamo-nos do “cinema popular português” e da sua propensão para a comédia básica e desengraçada e esquecemo-nos que o “cinema popular” e a “comédia” são entidades em crise um pouco por toda a Europa.

Este filme do belga Jaco van Dormael é um bom lembrete: a partir de uma ideia com barbas – subverter e humanizar a figura de Deus, Ele mesmo – nunca vai além das piadas mais óbvias que rapidamente deixam de fazer rir de tão previsíveis, encharcadas num subtexto destinado a dar os males e as injustiças do mundo, a que Deus, aparentemente, permanece indiferente. Mas nunca vai a lado nenhum, nunca a chega a ser realmente subversivo ou rebelde, é um cinema conformado com a sua pequenez. O tempo dos Guitrys já lá vai, mas nem é preciso ir muito longe para encontrar uma declinação mais divertida desta ideia – aquele pacto entre o Deus Morgan Freeman e Jim Carrey em Bruce Almighty.

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