Operação antiterrorismo em Bruxelas continua, após morte de um atacante

Polícia não confirma rumores de suspeitos em fuga. Homem foi abatido num edifício ligado aos atentados de Paris, mas não é Salah Abdeslam, o mais importante fugitivo.

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Agentes da polícia em acção em Bruxelas REUTERS/François Lenoir
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Um ferido na sequência do tiroteio REUTERS/François Lenoir

A grande operação antiterrorismo na zona Sul de Bruxelas que começou ao fim da tarde de terça-feira prosseguiu durante a noite. O procurador-geral confirmou que foi abatido pelo menos um homem que se tinha barricado num edifício de apartamentos alvo de buscas ligadas aos atentados de Novembro em Paris e que disparou contra a polícia.

Para a manhã de quarta-feira está prevista uma conferência de imprensa, onde serão divulgadas novas informações relativamente à operação. É também esperada uma reunião de um conselho de segurança nacional, que reúne os principais ministros e os responsáveis pelos serviços de segurança belgas. 

Quatro polícias ficaram feridos ao cabo de vários tiroteios durante a tarde, um deles com gravidade. Não se conhece a identidade do atirador que disparou contra a polícia com uma Kalashnikov disse o procurador belga, citado pela AFP.

As autoridades não confirmaram rumores de que há dois suspeitos em fuga, embora alguns alguns meios de comunicação belgas. Mas o jornal La Libre Belgique diz que continua a haver acções policias na cidade - as cerca de 50 pessoas que se encontravam num supermercado Aldi no complexo comercial de Neerstalle foram de lá retiradas.

A primeira troca de tiros ocorreu pouco depois das 14h — hora de Portugal continental. Uma equipa de agentes belgas e franceses executavam mandados de busca a duas residências na comuna de Forest, no curso da investigação aos ataques que mataram 130 pessoas em Paris. De acordo com a emissora belga RTBF, a polícia esperava encontrar as habitações vazias, mas numa delas foi recebida com rajadas de espingarda automática.

A operação decorreu na Rua du Dries, não muito longe do bairro de Molenbeek, onde se pensa que foram planeados os atentados de Paris e viveram muitos dos atacantes, incluindo o fugitivo Salah Abdeslam. Já no fim da operação, um porta-voz da polícia garantiu que o homem abatido durante a tarde não é Abdeslam, o mais importante dos três suspeitos ainda procurados por ligações aos atentados de Novembro — suspeita-se que ele terá sido crucial no planeamento do ataque. 

A comuna foi rapidamente isolada pelas autoridades. O mesmo aconteceu com duas escolas e creches na zona dos tiroteios, que receberam vários reforços policiais e mantiveram as crianças dentro dos edifícios até ao fim da operação. As primeiras informações davam conta de que um número indeterminado de atacantes fugira pelos telhados de Forest, para onde se destacaram batalhões de atiradores furtivos.

O comando policial de Bruxelas anunciou que daria uma conferência de imprensa na noite desta terça-feira ou na manhã de quarta, onde explicará o curso das operações e confirmará a existência de suspeitos em fuga. Ao final da tarde haviam-se registado quatro tiroteios: dois no momento das buscas, um outro passado uma hora, e a troca de tiros final, onde terá sido abatido o atacante, por volta das 17h15.

O homem estaria armado com uma espingarda automática Kalashnikov, como as que foram usadas em Paris — um porta-voz do Ministério do Interior francês disse ao Le Monde que os disparos foram feitos com “artilharia pesada”. A operação estava a ser realizada em conjunto com a polícia francesa, como, aliás, é normal acontecer em acções ligadas aos atentados de Paris, uma vez que a investigação é partilhada entre os dois países. Todos os agentes feridos são belgas.

Até agora foram detidas dez pessoas suspeitas de envolvimento nos atentados de Paris, a maioria acusada de ter ajudado Salah Abdeslam na sua fuga. Bruxelas esteve em alerta máximo de segurança nos quatro dias que se seguiram, ao confirmar-se que Abdeslam entrara na cidade horas depois dos ataques. Como Paris, ainda em estado de emergência, Bruxelas manteve-se em alerta desde de Novembro e passaram a ser comuns avistamentos de patrulhas de polícias fortemente armados. 

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