João Soares continua braço-de-ferro com presidente do CCB

Ministro da Cultura diz que António Lamas "devia tirar as devidas consequências".

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António Lamas não comenta entrevista do ministro da Cultura Nuno Ferreira Santos

Depois de o Conselho de Ministros ter extinguido esta semana a Estrutura de Missão da Estratégia Integrada de Belém, o ministro da Cultura, João Soares, protagonizou no sábado mais um episódio no braço-de-ferro que se arrasta desde o início do ano com o presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), António Lamas, que liderava a estrutura de missão criada pelo anterior Governo para elaborar o Plano Estratégico Cultural da Área de Belém.

Numa entrevista ao jornal Expresso, João Soares, interrogado sobre o chamado "eixo Belém-Ajuda", disse que era "um disparate total”, “condenável”, porque foi feito “sem se falar com a Câmara Municipal de Lisboa”. A entrevista, que terá sido realizada antes da extinção pelo Governo, na quinta-feira, da estrutura chefiada por Lamas, continua com João Soares a dizer que António Lamas “devia tirar as devidas consequências”, depois de lhe ter sido perguntado se ia demitir o presidente do CCB.

Contactado pelo PÚBLICO, António Lamas disse que não faria declarações a propósito da entrevista do ministro da Cultura. O presidente do CCB também não tinha estado disponível para comentar a extinção da estrutura de missão pelo Governo.

Já o comunicado do Conselho de Ministros que extinguiu a estrutura de missão afirmava que a decisão “justifica-se pelo não envolvimento no projecto da Câmara Municipal de Lisboa (CML), que deve ser um parceiro privilegiado em qualquer modelo de gestão de uma parte importante da cidade”.

A estrutura foi criada pelo Governo de Pedro Passos Coelho para desenhar um plano para aquela zona de Lisboa, onde se concentra um grande conjunto de equipamentos culturais, jardins, museus e monumentos, alguns deles dos mais visitados do país, nomeadamente o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém e o Museu Nacional dos Coches, à imagem da estratégia que Lamas desenvolveu para os monumentos de Sintra. O plano foi entregue em Agosto do ano passado, mas acabaria por não ser aprovado pelo Governo então em funções, devido ao calendário eleitoral.

Em declarações feitas ao PÚBLICO logo em Janeiro, o ministro da Cultura disse que discordava “aberta e absolutamente” do plano, considerando “inaceitável” a não consulta da CML e manifestando “discordâncias de natureza substantiva”. Soares afirmou nessa altura que os investimentos já realizados prejudicavam o Centro Cultural de Belém.

Meses antes, em Novembro, tinha sido a vez de o presidente da Câmara de Lisboa desejar “um final feliz” para o processo, “com a extinção da equipa e a confinação ao que são as competências próprias de cada um”. Na quinta-feira, sobre a decisão do Governo Fernando Medina afirmou que tinha sido “uma boa decisão, uma decisão avisada”.

 

 

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