Catarina Martins aconselha Governo a não ter medo de Bruxelas

Para a porta-voz do BE, “este orçamento é também o momento de António Costa mostrar porque é que é diferente ser ele o primeiro-ministro, e não ser mais Pedro Passos Coelho”.

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O BE traça medidas que quer ver respondidas pelo Governo Miguel Manso

“O medo é sempre o pior conselheiro.” As palavras são da porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e foram ditas numa entrevista à SIC, esta quinta-feira à noite, na qual aconselha o primeiro-ministro António Costa a não ceder às exigências de Bruxelas, numa altura em que a Comissão Europeia manifesta dúvidas sobre o esboço do Orçamento do Estado (OE).

Catarina Martins entende que “este orçamento é também o momento de António Costa mostrar porque é que é diferente ser ele o primeiro-ministro, e não ser mais Pedro Passos Coelho”. Para além disso, “o “diálogo é sempre positivo, mas não pode ser para se dizer que sim a quem não tem a legitimidade democrática deste país”.

Questionada sobre a hipótese de Bruxelas chumbar este orçamento, responde com exemplos de países onde isso aconteceu: “Bruxelas chumbou o orçamento de França, de Itália, de Espanha e, portanto, a Comissão Europeia está numa deriva de destruição das economias.” Para a porta-voz do BE não deve ser esse receio a fazer recuar o executivo português: “O medo é sempre o pior o conselheiro.”

Sobre se o BE dará o seu voto favorável ao OE, lembra que há “um compromisso” com o Governo PS sobre o orçamento e que, “estando cumprido esse compromisso de ambas as partes”, o aprovará. Para a porta-voz, “o que é determinante é saber se este OE é capaz ou não de gerar de emprego” e, neste ponto, o esboço, admite, peca por “alguma timidez”.

À hora de fecho desta edição, ainda só tinham passado excertos da entrevista no Jornal da Noite. Neles, a porta-voz comentou também os resultados das presidenciais. “A direita viu o seu candidato vencedor por um pouco de falta de comparência dos outros partidos. Acho que é preciso pensar nisso. Há acima de tudo um problema de falta de coerência do discurso político.” Questionada sobre se essa incoerência foi da parte de Costa, respondeu: “Acho que o PS terá de fazer a sua reflexão.”

Quanto à polémica expressão “candidata engraçadinha” usada pelo secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa, considerou-a “infeliz”. Na noite eleitoral, o líder comunista reagiu aos resultados dizendo que o PCP podia “apresentar um candidato ou uma candidata assim mais engraçadinha, com um discurso ajeitadamente populista” para aumentar o número de votos”, mas que não o faria, porque não muda. Dois dias depois, retratou-se, alegando que “não estava a pensar em ninguém em concreto”.

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