Sampaio da Nóvoa regressa à universidade e garante que esta experiência “termina aqui”

“A partir de hoje, Marcelo é o meu Presidente”, afirmou o candidato perante muitos apoiantes emocionados.

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Sampaio da Nóvoa: “Je ne regrette rien” (não me arrependo de nada) Daniel Rocha
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Esta segunda-feira, Sampaio da Nóvoa vai apresentar-se na Reitoria da Universidade de Lisboa, para terminar com a sua (já longa, de nove meses) licença sem vencimento. É uma necessidade financeira, mas é também um acto político. “O caminho que fizemos em conjunto termina aqui, por coerência com tudo o que disse.” Mesmo que uma apoiante tenha, no final, exortado o candidato a manter-se activo na política. “Vou voltar à minha vida universitária”, garantiu aos mais de 200 apoiantes que se juntaram na sua sede de campanha para acompanhar os resultados.

Depois? Bom, depois o candidato precisa de “umas férias”. De fazer quase um regresso aos seus tempos de falta de notoriedade pública, agora que conseguiu, nas suas próprias palavras, algo que o deixa orgulhoso: “Pela primeira vez na nossa história, um cidadão independente esteve perto de disputar a segunda volta de uma eleição presidencial”, afirmou, para acrescentar, de seguida, que também é inédita a votação obtida pela sua candidatura – “ultrapassou os 20%, um milhão de votos”.

Na sala, os que ouviam estas palavras cantavam em coro “obrigado, obrigado”. Houve até quem chorasse. Apoiantes, membros da sua equipa, e até Maria Antónia Palla, que falou com a RTP de olhos rasos e confessou que “gostava” que António Costa tivesse estado com a candidatura de Nóvoa.

Sampaio da Nóvoa telefonou a Marcelo Rebelo de Sousa para o “cumprimentar e felicitar”, imediatamente antes de comparecer perante os jornalistas e apoiantes. “A partir de hoje, é o meu Presidente e de todos os portugueses”, afirmou. “Faltou pouco para passarmos à segunda volta, e o pouco que faltou é da minha responsabilidade”, afirmou o candidato, perante os “não!” da plateia. Nóvoa quer “contribuir para esta união em torno do Presidente da República, sem hesitações, sem reticências”.

Ao telefone, do outro lado da linha, Marcelo também o felicitou, pela campanha e pelo resultado.

“Temos de estar à altura destes tempos. Temos tudo para ser um país capaz e desenvolvido e juntos vamos ser capazes de ser esse país”, defendeu o candidato.

Como sempre fez, ao longo da campanha, em jantares, almoços e comícios, Nóvoa cumprimentou toda a gente que se encontrava na sala. Apoiantes conhecidos, como Eduardo Lourenço, José António Pinto Ribeiro, Ana Gomes, Gabriela Canavilhas, Rui Vieira Nery, Rui Tavares, Miguel Vale de Almeida, Pilar del Rio, António Avelãs e Vasco Lourenço.

Parece descontraído, quando vem também cumprimentar os jornalistas. Até cita a conhecida canção de Edith Piaff, “je ne regrette rien” (não me arrependo de nada), a sorrir. E garante que “racionalmente” até acertou no seu resultado, e no de Marcelo, na manhã da eleição.

Sampaio da Nóvoa tem vários convites de universidades estrangeiras para avaliar. Um deles, o de Harvard, parece até promissor, mas já chegou durante a pré-campanha e por isso não teve qualquer resposta. 

Sem qualquer arrependimento. Afinal, este foi “um tempo que não trocaria por nada nesta vida”, garante. “Vivi, vivemos em conjunto, um tempo extraordinário.”

No final da noite, já perto das 23 horas, Nóvoa tirou a gravata vermelha e posou para uma foto de grupo com os jovens voluntários que dinamizaram a sua campanha em Lisboa. Depois com a equipa de logística e motoristas. A seguir, com o staff que assegurou a caravana. No fim, cantou-se “salta Nóvoa” e o já ex-candidato saltou.

E daqui por cinco anos? Voltará a ser desafiado a candidatar-se, provavelmente. Mas isso não o faz repensar o que disse. Cinco anos é uma eternidade, parece querer dizer o seu gesto, de braços abertos.

O que falhou?
Sem querer comentar a posição do PS, ou o fraco resultado da candidatura de Maria de Belém, Nóvoa deixou escapar que sente que cumpriu o seu dever, e guarda para mais tarde outros comentários sobre os resultados: “Os nossos objectivos eram em torno dos resultados que obtivemos. Fizemos o nosso trabalho. Era difícil, ou impossível que tivesse corrido melhor.”

Muito instado a responder se um eventual apoio oficial do PS poderia ter alterado o rumo da campanha e aumentado a hipótese de uma segunda volta, Nóvoa rejeitou qualquer “observação, comentário ou lamento”. Esta candidatura, frisou, “não esperou por ninguém, nem por nenhum apoio”. “Não tenho o direito de falar em nome dos partidos.”

Ao lado de Nóvoa estiveram vários ministros importantes (Augusto Santos Silva, Vieira da Silva, Capoulas Santos, Adalberto Campos Fernandes e Eduardo Cabrita) e a própria secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes. Neste resultado não estão, nem de longe, os 32% obtidos pelo PS nas legislativas de Outubro. Nóvoa, com 22,8%, e Belém, com 4,2% (à hora de fecho deste texto), ficavam a 5% de um resultado que já não tinha sido brilhante.

A convicção que reina na candidatura é de que a vitória de Marcelo à primeira volta é uma consequência do fraco desempenho de Maria de Belém. Nas contas feitas pela candidatura, a segunda volta seria possível se a candidata da área socialista conseguisse manter um resultado como o que lhe davam as últimas sondagens, cerca de 15%. Mas não só não foi isso que aconteceu, como muitos desses votos terão sido perdidos na parte final da campanha. 

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