Cavaco diz saber como motivou eleitorado, mas não revela segredo

Na inauguração de uma fábrica em Torres Vedras, o Presidente da República defendeu que o motor da economia tem de ser o investimento privado e as exportações.

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Aníbal Cavaco Silva em campanha em Janeiro de 2011, quando foi eleito para o segundo mandato mas registou-se uma abstenção recorde nas presidenciais de 53,56%. Nuno Ferreira Santos

A seis dias das eleições, o Presidente da República não quer falar sobre a campanha eleitoral para as presidenciais de domingo, nem sequer para partilhar qualquer estratégia com os candidatos de forma a combater a previsível alta abstenção.

Em Torres Vedras, onde inaugurou as novas instalações da Tomix, uma empresa de equipamentos agrícolas e industriais, Aníbal Cavaco Silva recusou, apesar da insistência dos jornalistas, dizer uma só palavra sobre a campanha eleitoral por entender que deve ser esse o seu “comportamento”.

Mas questionado sobre como se pode combater o problema da abstenção, que é sempre elevada em eleições presidenciais, o Chefe de Estado replicou: “Quem sou eu para fazer um juízo sobre aquilo que está a ser feito em matéria de mobilização dos eleitores para votarem?” E acrescentou: “Eu sei como é que fiz quando enfrentei o eleitorado duas vezes, em 2006 e 2011. Mas os tempos são outros e eu não quero pronunciar-me sobre esses novos tempos.”

A abstenção tem vindo sucessivamente a aumentar na maioria dos actos eleitorais em Portugal e as presidenciais são um alvo privilegiado. Nas eleições de 2011, em que Cavaco Silva foi reeleito, os 53,56% de abstenção foram um recorde na escolha de um Chefe de Estado em Portugal. Em 2006, chegara a Belém com uma abstenção de 38,47%.

No final da visita à TOMIX, questionado sobre o teor de declarações anteriores suas sobre a preocupação de que Portugal possa vir a precisar de novo financiamento caso volte a enfrentar dificuldades, o Presidente vincou que para não ter desequilíbrio nas contas externas Portugal precisa de “exportar bens e serviços”. Isso “não acontece actualmente”, realçou Cavaco Silva, elogiando o sector turístico, que “está a comportar-se muito bem”.

“Os motores do nosso crescimento económico não podem deixar de ser o investimento - em particular o investimento privado - e as exportações. Caso contrário… nós podemos enfrentar dificuldades”, avisou. Recordou que há poucos anos Portugal “teve desequilíbrios nas contas externas de 10% do produto. Começou a enfrentar dificuldades terríveis na obtenção de meios de financiamento e a certo momento as portas dos mercados fecharam-se.”

O Presidente da República acrescentou ser por isso que insiste na necessidade de apoiar os empresários que “apostam na inovação, na qualidade e na exportação para conquistar novos mercados”. Mas sobre as exigências e constrangimentos ao investimento pedidos pela missão da troika que chega a Portugal no final do mês para a terceira avaliação depois do programa de ajustamento, Cavaco nada disse. “As questões do Governo eu trato-as nas reuniões de quinta-feira com o primeiro-ministro. Ele conhece as minhas opiniões mas eu entendo que não as devo divulgar em público.”

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