Em contagem decrescente para o Natal, portugueses gastam mais 180 milhões

Em quatro semanas, entre levantamentos e pagamentos em terminais de multibanco, consumidores desembolsaram mais 180 milhões de euros. Comerciantes destacam "alguma recuperação".

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Comerciantes dizem que ainda há incertezas quanto a 2016 Nuno Ferreira Santos

Numa época em que o consumo se intensifica, o montante desembolsado pelos portugueses nas últimas quatro semanas aumentou 3,47% em relação a 2014. No total, contabilizando levantamentos em caixas multibanco e pagamentos em terminais, os consumidores gastaram 5194 milhões de euros entre a última semana de Novembro e o dia 20 de Dezembro. Este valor significa mais 180 milhões do que o verificado no ano passado.

De acordo com os números divulgados nesta terça-feira pela SIBS, regista-se um aumento no número e no montante de compras feitas através dos terminais de pagamento de 10,6% e 6,1%, respectivamente.

Mas a tendência altera-se no que diz respeito aos levantamentos: o número de operações efectuadas decresceu, embora não significativamente, passando de 34,6 milhões para 36,3 milhões. Já o montante aumentou ligeiramente (0,5%), fixando-se em 2257 milhões de euros, o que faz com que o valor médio levantado seja de 66 euros por dia, apenas um euro a mais do que no ano passado. Quanto ao montante médio dos pagamentos em terminais nas lojas ou estabelecimentos, os dados avançados pela empresa que gere a infra-estrutura dos chamados POS (sigla inglesa) mostram um ligeiro recuo comparado com 2014, de 41 euros para 40.

Os indicadores confirmam a tendência para pagar as compras com cartão, juntamente com outras formas de efectuar pagamentos como o homebanking, por oposição ao uso de dinheiro. Há cada vez mais terminais de pagamento automático nas lojas, enquanto as caixas automáticas de Multibanco tendem a diminuir.

Os dados da SIBS confirmam as previsões das associações do sector do comércio, que antecipam que haja um ligeiro aumento nas vendas em relação a 2014, ainda que não seja significativo tendo em conta o contexto de contracção no consumo.

“As coisas estão muito equilibradas”, refere Nuno Camilo, da Associação de Comerciantes do Porto, ao PÚBLICO. Apesar de ainda não ter dados que permitam avançar com um comparação precisa entre 2015 e 2014, Nuno Camilo aponta para que “não haja um aumento considerável” no negócio, naquela que é a altura mais importante para as vendas.

Opinião semelhante tem Carla Salsinha, presidente da União de Associações de Comércio e Serviços (UACS), que admite uma “ligeira subida” em relação ao ano passado.

O discurso dos dois representantes dos comerciantes de Lisboa e do Porto coincide quando identificam o ambiente de “alguma recuperação económica” no último ano como motivo para um possível aumento no consumo. Ainda assim, são unânimes em antecipar que a “incerteza” que se vive em relação ao ano de 2016 justifica a subida tímida nas vendas. “Depois de cinco anos extremamente difíceis, nota-se que ainda há contenção”, avalia Carla Salsinha, que prevê que, a registar-se uma subida no consumo, a percentagem seja pequena.

Em relação ao Porto, Nuno Camilo destaca o aumento do número de lojas e consequente aumento da oferta como contributos para que se verifique maior consumo, acompanhado pela recuperação de algum do poder de compra. No entanto, o presidente da Associação de Comerciantes realça que, para que se verifique um aumento mais expressivo “há necessidade de sentir estabilidade”. A última informação sobre o decorrer do consumo nesta época que a UACS tem dos seus associados data da última segunda-feira, explica Carla Salsinha, que aponta para o “hábito português de fazer compras à última da hora” como razão para que ainda não seja possível fazer um balanço. Também Nuno Camilo entende que, como muitos portugueses recorrem aos últimos dias antes do Natal para efectuar a compras, parte considerável da facturação ainda está por contabilizar.

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