Hezbollah acusa Israel de ter morto comandante do grupo na Síria

Samir Kantar terá morrido durante ataque aéreo. Israelitas mostram-se satisfeitos mas não reivindicam autoria.

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Samir Kantar, à esquerda, no dia em que foi libertado em 2008 AFP/MUSSA AL-HUSSEINI
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O edíficio onde Samir Kantar estaria, nos arredores de Damasco, Síria AFP/SANA

O movimento xiita Hezbollah anunciou em comunicado a morte de Samir Kantar, uma importante figura da organização, que esteve preso em Israel durante quase 30 anos. Terá morrido neste sábado, durante um ataque do exército israelita em território sírio, em Jaramana, nos arredores de Damasco.

"O decano dos prisioneiros libaneses em Israel foi morto no sábado por volta das 22h15 (20h15 em Portugal continental), num bombardeamento de aviões do inimigo sionista a um imóvel residencial em Jaramana", cidade druso-cristã dos arredores da capital síria, informou o Hezbollah, num comunicado.

Imagens transmitidas pela Al-Manar, a televisão do Hezbollah, mostram escombros de um imóvel quase totalmente destruídos.

Israel manifestou satisfação pela morte de Kantar, 54 anos, mas não reivindicou, pelo menos imediatamente, a responsabilidade pelo ataque. A ministra da Justiça, Ayelet Shaked, declarou-se "feliz pela notícia". "Trata-se de um arqui-terrorista que matou uma menina, esmagando-lhe o crânio, e continuou as suas actividades terroristas depois da libertação", acrescentou, em declarações à rádio militar.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, rede com sede no Reino Unido que recolhe informações sobre a guerra na Síria, confirmou a morte de Kantar, que apresenta como o "chefe da resistência síria para a libertação dos montes Golã", parcialmente ocupados por Israel desde 1967. A aviação israelita tinha já por várias vezes feito ataques com o objectivo de o atingir, acrescentou.

O irmão de Kantar, Bassam Qantar, homenageou-o na rede social Twitter, descrevendo-o, segundo a AFP, como  "o mujaheedin [combatente] que se juntou à família dos mártires".

Condenado em 1980 pela morte de três pessoas, Samir Kantar foi libertado em 2008, num processo de troca de cinco prisioneiros pelos restos mortais de dois soldados israelitas. Mas Israel assumiu, logo nessa altura, que o considerava um alvo.

Em 1979, Kantar liderou uma operação da Frente de Libertação da Palestina (FLP) em território israelita. Foi condenado a cinco penas de prisão perpétua acrescidas de 47 anos, depois de a justiça israelista o ter considerado culpado da morte de um polícia e de dois civis, pai e filha. É esse episódio que explica o ódio contra ele. O Líbano nunca desistiu de obter a sua libertação, argumentando tratar-se de um prisioneiro político.

Pai de um rapaz de quatro anos, nascido do casamento com uma jornalista, Samir Kantar tinha sido em Setembro incluído pelos Estados Unidos na sua lista de "terroristas internacionais", acusando de ter tido um "papel operacional, com a ajuda do Irão e da Síria, na criação de uma estrutura terrorista no planalto dos Golã".

O general israelita na reforma Yaakov Amidror, considera, segundo a AFP, que, não reivindicando o ataque, Israel reduz as possibilidades de represálias. "Mas quem quer que seja que o tenha neutralizado, é uma boa notícia para Israel", disse ainda, porque ele "tinha um papel central nos esforços do Hezbollah para lançar novos ataques a partir do planalto dos Golã".

Milhares de combatentes do Hezbollah combatem na Síria ao lado do regime de Bashar al-Assad, na sua luta contra rebeldes e jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico (EI), numa guerra que já fez mais de 250 mil mortos desde 2011.

 

 

 

 

 

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