Na próxima temporada, o Benfica vai arrecadar 27 milhões de euros pelos 17 jogos disputados em casa para o campeonato, a uma média de aproximadamente 1,6 milhões por partida, naquele que será o primeiro ano do contrato estabelecido entre o clube e a NOS. Para além desta verba, os “encarnados” irão ainda receber da operadora de telecomunicações mais nove milhões de euros pela transmissão e distribuição do canal Benfica TV. No total, a receita para o emblema da Luz será de 36 milhões de euros no primeiro ano de vigência da parceria, mas estes valores irão crescer progressivamente ao longo do período acordado.

Contas feitas, o clube lisboeta irá arrecadar mais cinco milhões de euros do que o valor que lhe foi oferecido há três anos pela Sport TV: 22 milhões de euros. Esta é a conclusão que se pode retirar das escassas informações que foram adiantadas esta quinta-feira pelo presidente executivo da NOS, Miguel Almeida, e pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, na cerimónia oficial de apresentação do acordo estabelecido entre as duas entidades, anunciado no passado dia 2 de Dezembro. Um acordo de três anos, mas que qualquer uma das partes poderá prolongar até dez anos, num montante global de 400 milhões de euros.

“Os valores [do contrato] são progressivos ao longo do período [de dez anos] e também posso adiantar que na primeira época, de 2016-17, o montante será de 36 milhões de euros, sendo a repartição deste valor pelos dois blocos [direitos dos jogos de futebol e Benfica TV] será de 75%-25%”, confirmou Miguel Almeida. E se esta repartição se mantiver inalterada, significa que o valor pago exclusivamente pelos jogos de futebol será de 300 milhões em dez anos, sendo os restantes 100 milhões referentes ao canal do clube.

Será com estes valores como referência que a NOS pretenderá negociar com os restantes clubes profissionais em Portugal, nomeadamente com o FC Porto e Sporting. “É nossa intenção reforçar as parcerias que já temos no futebol português, em particular com os clubes de futebol profissional. E é nossa vontade estabelecer acordos similares ao que acabámos de estabelecer com o Sport Lisboa e Benfica com todos os restantes clubes, onde se incluem o FC Porto e o Sporting, mas também todos os outros”, assumiu o responsável executivo da NOS.

Já em relação ao canal onde serão exibidos os jogos caseiros dos “encarnados” na próxima temporada, Miguel Almeida foi menos claro, admitindo apenas que a Sport TV é “um cenário possível, entre muitos outros”. E nesses outros cenários não excluiu a própria Benfica TV, admitindo que esta é uma possibilidade “menos provável”. Garantido está que o canal que venha a emitir os jogos do Benfica será disponibilizado aos restantes operadores a actuar no mercado nacional e que os preços que serão praticados terão “custos mais baixos” para o cliente final do que aquele que teriam de pagar actualmente para assinar os dois canais premium para aceder ao jogos de futebol: Sport TV e BTV.

Já Luís Filipe Vieira qualificou o contrato com a NOS “um bom acordo para o futebol português”, porque “estabelece um novo referencial de valor para todos os clubes. No mesmo dia em que a Benfica TV comemora o seu sétimo aniversário, o líder benfiquista congratulou-se pelas opções assumidas pela actual direcção, que conseguiu manter o controlo accionista sobre o canal: “Ou abríamos o capital da Benfica TV a operadores internacionais, perdendo parte ou a maioria da propriedade do canal, ou mantínhamos a propriedade plena do canal e rentabilizávamos os nossos direitos. Optámos pela segunda via.”

Em relação à hipótese dos jogos dos “encarnados” regressarem à Sport TV, Luís Filipe Vieira desvalorizou a questão, considerando que esta será uma decisão exclusiva do operador. “Vendemos os direitos televisivos à NOS, não a qualquer intermediário. E será a NOS a decidir em que canal vão passar os nossos jogos. Tenho a certeza que qualquer que seja a decisão, vão tratar o Benfica com a mesma isenção e profissionalismo que a Benfica TV teve nestes três anos.”

O presidente do clube da Luz garantiu ainda que encaixe de 400 milhões de euros possibilitado por este acordo não será aplicado na compra de jogadores, mas servirão para abater passivo, nomeadamente para liquidar os empréstimos obrigacionistas na totalidade quando estes vencerem: “E de certeza que ainda vai sobrar muito dinheiro.” Com Hugo Daniel Sousa