Donald Trump quer fechar a porta dos EUA a todos os muçulmanos

Nova declaração polémica do candidato do Partido Republicano foi criticada pela Casa Branca como sendo "contrária aos valores dos EUA".

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A proibição seria aplicada a "toda a gente", imigrantes e turistas Scott Olson/AFP

O candidato mais polémico à Presidência dos EUA, Donald Trump, voltou a fazer uma declaração na linha das muitas que tem feito nos últimos meses, e que lhe têm garantido até agora a liderança das sondagens na corrida do Partido Republicano. Desta vez, na sequência do ataque da semana passada em San Bernardino, Trump defendeu que todos os muçulmanos devem ser imediatamente impedidos de entrar nos EUA.

"Donald J. Trump apela a uma total e completa interdição da entrada de muçulmanos nos Estados Unidos até que os representantes do nosso país consigam perceber o que está a acontecer", lê-se num comunicado partilhado pelo candidato na sua conta no Twitter.

"Até que consigamos perceber este problema, e a perigosa ameaça que ele apresenta, o nosso país não pode ser vítima de ataques horríveis lançados por pessoas que apenas acreditam na jihad, e que não têm qualquer respeito pela vida humana."

Para evitar alegações de mal-entendidos, como já aconteceu com outras declarações de Donald Trump, o jornal The New York Times falou com um representante da campanha do magnata e disse que ele "confirmou a veracidade do comunicado".

O responsável pela campanha de Donald Trump, Corey Lewandowski, disse à Associated Press que a proibição defendida pelo candidato seria aplicada "a toda a gente" – tanto a imigrantes como a turistas.

Nas últimas semanas, Trump fez várias declarações que foram classificadas pelos seus críticos como discurso de ódio contra muçulmanos, misturando a religião com a ideologia extremista defendida e praticada por organizações terroristas como o autodesignado Estado Islâmico.

Primeiro deixou em aberto a hipótese de criar uma base de dados para registar os muçulmanos norte-americanos (dizendo depois que estava a referir-se apenas aos 10.000 refugiados sírios que a Administração Obama se mostrou disponível para receber em 2016 – um número que Trump resolveu fixar em 200.000 sempre que fala em público); depois, disse que "milhares e milhares" de muçulmanos festejaram nas ruas do estado de Nova Jérsia os atentados terroristas contra o World Trade Center, a 11 de Setembro de 2001 – uma alegação que não passa da repetição de um rumor nascido logo no dia dos atentados, e que vários responsáveis da polícia e políticos, tanto do Partido Democrata como do Partido Republicano, já desmentiram.

Em relação ao apelo para que nenhum muçulmano entre no país a partir de agora, a especialista em imigração Nancy Morawetz, da Faculade de Direito da Universidade de Nova Iorque, disse que os EUA nunca negaram a entrada de pessoas no país com base numa religião. "É tão antiético em relação à história dos Estados Unidos. É inacreditável termos um teste religioso para a autorização de entrada neste país", disse Morawetz ao The New York Times.

A Casa Branca também já reagiu ao comunicado de Donald Trump, dizendo que o apelo do candidato do Partido Republicano é "contrário aos valores dos EUA".

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