Portas diz que Costa ficará dependente do “politburo” do PCP

Líder do CDS diz que BE "já está na lapela" de António Costa

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Paulo Portas no Parlamento Rui Gaudêncio

Foi com uma nota de humor que Paulo Portas se demarcou de dar qualquer apoio ao Governo PS e o colocou na dependência do PCP. “Ficam escolhidos hoje os seus BFF – Best Friend Forever (amigos para sempre). Catarina best friend [melhor amiga] de António, António best friend [melhor amigo] de Jerónimo e Jerónimo -  só isso não é novo -  best friend [melhor amigo] de Heloísa”, disse, arrancando uma gargalhada nas bancadas do PSD e do CDS. “Com eles escolheu governar, neles se apoiará, neles poderá tropeçar, dependendo deles ficará ou cairá. É a vida”, rematou, referindo-se aos dirigentes do BE, PCP e PEV.

Numa intervenção que mereceu muitos protestos das bancadas à esquerda, o antigo vice-primeiro-ministro começou por insistir na ilegitimidade política de António Costa.  “É ainda o primeiro caso em democracia de um político que tinha que ser primeiro-ministro à viva força para aspirar a manter-se como líder do seu partido. Habitualmente acontece o inverso: os líderes candidatam-se para poderem ser primeiros-ministros”, afirmou, defendendo que Costa está numa “precariedade” por ter “abusado” do intervalo de não se poder convocar eleições.

Paulo Portas explorou a fragilidade dos apoios à esquerda sobretudo para apontar a dependência do PS para governar. A maioria parlamentar de que dispõe será “até quando o politburo [órgão máximo do Partido Comunista na antiga União Soviética] o entender e até quando quiser”. O Bloco “já está na lapela de António Costa”  e é por isso que defende que “é a vontade do Partido Comunista que decidirá o destino do Governo de Portugal”.

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Responsabilizando António Costa por este “estado de arte”, Paulo Portas justificou a apresentação da moção de rejeição por parte do PSD e CDS por tornar o debate do Programa de Governo numa “partida amigável”, já que também não existe uma moção de confiança.

Boa parte da intervenção foi gasta a explorar as cedências que considera que António Costa está a fazer ao PCP. Cedeu “em leasing” a política de educação à Frenprof. “Os sindicatos são responsáveis mas a educação é em primeiro lugar para os jovens, famílias”, disse, referindo-se à eliminação do exame no 4.º ano proposto pelas bancadas do PCP e BE e aprovada pelo PS. No debate, prosseguiu, “ficou também confirmado que o primeiro-ministro decidiu conceder à CGTP, à intersindical, o sector público dos transportes metropolitanos”. E avisou: “Só vossas excelências não se dão conta de que a CGTP utliza as empresas de transportes em Lisboa para sequestrar políticas legitimamente votadas pelo povo, paralisar a economia e organizar greves em cascata”.

Paulo Portas foi ainda muito crítico da intervenção desta quarta-feira do ministro das Finanças Mário Centeno. Sobretudo por causa da frase em que desvalorizou a saída limpa do programa de assistência financeira da troika. “Não me sinto criticado como governante, sinto-me insultado como português”, disse, contrariando o ministro: “Não é pequeno resultado superar a grande bancarrota que vocês nos deixaram”. Uma perspectiva que dá um sinal de que “há um novo PS por aqui”, já que o anterior líder – António José Seguro – defendeu a saída limpa de Portugal. 

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