PSD prepara-se para apoiar Marcelo na próxima semana

Partido aponta realização de directas em Março e Congresso em Abril de 2016, dois meses depois do previsto

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Passos Coelho nFactos/Fernando Veludo

O PSD deverá marcar um Conselho Nacional para quinta-feira da próxima semana para declarar o apoio a Marcelo Rebelo de Sousa na corrida a Belém. A decisão será concertada com Paulo Portas, líder do CDS-PP, que também reunirá os conselheiros nacionais nessa altura para o mesmo fim.

A escolha do ex-líder do PSD para ser o candidato dos dois partidos nas presidenciais de 2016 é um dado adquirido entre os sociais-democratas, que vêem nesta eleição uma segunda volta das legislativas de 4 de Outubro. Têm a expectativa de uma vitória e sobretudo de uma derrota do primeiro-ministro António Costa, caso venha a apoiar um candidato perdedor.

Marcelo Rebelo de Sousa é o único candidato de centro-direita, depois de Rui Rio e de Santana Lopes terem desistido de avançar para Belém. Na sua mais recente entrevista, à RTP1, Passos Coelho inclinou-se para apoiar o professor, embora remetesse a questão formal para o Conselho Nacional e para uma “articulação” com o CDS. O líder do PSD admitiu que Marcelo é o que “mais possibilidades tem de ter uma candidatura que possa ser mobilizadora”.

Dentro do PSD ouviram-se algumas vozes incomodadas com uma “colagem” demasiado à esquerda por parte do professor e por não ser claro sobre o que faria na crise política gerada pelo derrube do Governo de Passos Coelho. O líder social-democrata pôs água na fervura e disse acreditar que as dúvidas que possam existir no seu partido vão acabar por desaparecer.

“Penso que alguém que possa estar menos satisfeito com aquilo que ouviu por parte do professor Marcelo" possa ficar "confortado", disse Passos Coelho, apontando vários pontos de convergência com o pensamento do candidato, entre os quais a concepção da democracia portuguesa, da inserção no euro, da economia social de mercado e a vocação atlantista da política externa. “Marcelo Rebelo de Sousa corporiza bem esses valores. As pessoas da minha área política não se sentirão desidentificadas”, afirmou na entrevista, emitida há pouco mais de uma semana.

O mesmo argumento foi usado esta segunda-feira pelo presidente do Governo Regional e do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, para declarar o apoio ao ex-comentador político. "Nós vamos apoiar o dr. Marcelo Rebelo de Sousa, é o que ficou decidido, se bem que as eleições presidenciais sejam umas eleições com características próprias por serem muito personalizadas", disse Miguel Albuquerque à Lusa.

"Se os militantes do partido quiserem apoiar uma candidatura da nossa área política é o dr. Marcelo Rebelo de Sousa", referiu. O dirigente regional repetiu outro argumento já dado por Passos Coelho na entrevista à RTP1. É que na área política do PSD “não vai aparecer outra candidatura”, disse, apesar do prazo limite para a entrega de candidaturas terminar a 24 de Dezembro.

No mesmo Conselho Nacional do PSD em que se vai discutir o apoio a Marcelo Rebelo de Sousa, previsto para o próximo dia 10, deverão ser marcadas as eleições directas para a liderança do partido, em Março, e deve ser apontada a data do próximo congresso para 1, 2 e 3 de Abril de 2016.

Passos Coelho, que deverá ser o único candidato às directas, faz assim resvalar por dois meses as datas da eleição interna e do congresso. A justificação oficial para este adiamento  - o último congresso do PSD realizou-se em Fevereiro de 2014 – é a realização das presidenciais e a possibilidade de vir a realizar-se uma segunda volta. Só que Abril é também o mês a partir do qual o futuro Presidente da República poderá dissolver o Parlamento e marcar novas eleições legislativas. Nessa altura, o PSD já terá um líder relegitimado pelo partido. Uma coincidência que os sociais-democratas consideram feliz. 

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