Sapatos substituem marcha pelo clima proibida em Paris

Protesto alternativo nas vésperas do início da cimeira da ONU que vai definir um novo tratado internacional para as alterações climáticas.

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A Praça da República, que tem sido palco de várias homenagens às vítimas de Paris, será o ponto central desta manifestação "sui generis" pelo clima LOIC VENANCE/AFP

Se não se pode marchar, que fiquem os sapatos. É isto o que milhares de pessoas vão fazer em Paris no lugar de uma grande manifestação agendada para a véspera da cimeira climática da ONU, na capital francesa, mas proibida pela polícia depois dos atentados terroristas de 13 de Novembro.

A Avaaz, uma das organizações que tinham planeado a grande marcha pelo clima, quer agora cobrir a Praça da República, de onde sairia o protesto, e as ruas adjacentes com os sapatos das pessoas que participariam da iniciativa. “Vão ser centenas de milhares de ‘sapatos andantes’, um par para cada um de nós”, antecipa a Avaaz, na convocatória lançada seu site na Internet

Uma enorme multidão era esperada na marcha pelo clima, prevista para o próximo domingo em Paris. Seria o ponto central de uma série de manifestações semelhantes em vários pontos do mundo – incluindo uma em Lisboa –, para alertar para a necessidade de compromissos imediatos na luta contra as alterações climáticas.

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Mas, com os atentados terroristas de 13 de Novembro, as autoridades francesas decretaram o estado de emergência no país e as grandes aglomerações de pessoas foram proibidas.

O protesto tomará não só outra forma, como agora ficará também marcado pelo horror dos atentados que mataram 130 pessoas em Paris. “Podemos não ser capazes de marchar, mas este acto simbólico maciço pode mostrar como muitos cidadãos estão de pé, juntos por tudo o que amamos”, refere a Avaaz. “Esta será a nossa maneira de dizer que o terror não vai e não pode silenciar o nosso sonho colectivo de um futuro 100% limpo, 100% unido, para nós, para os nossos filhos e o nosso planeta”, completa.

A Avaaz pede que os sapatos, com o nome do seu dono e uma mensagem de esperança, sejam enviados pelo correio ou entregues a voluntários na estação de metro da República. Depois do protesto, serão doados.

A conferência climática da ONU começa na segunda-feira, dia 30, com a presença de uma centena e meia de chefes de Estado e de Governo e com segurança reforçada. Termina duas semanas depois e, se cumprir a sua missão, resultará num novo tratado internacional para tentar travar as alterações climáticas.

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