“Não somos terroristas”, gritam migrantes travados entre a Grécia e a Macedónia

Decisão da Sérvia e da Macedónia de só permitirem passagem a quem vem da Síria, Iraque e Afeganistão provoca protestos.

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Iranianos, paquistaneses e bangladeshis são a maior parte dos que estão retidos Ognen Teofilovski/REUTERS

São principalmente iranianos, paquistaneses e bangladeshis, mas há também marroquinos, argelinos e somalis entre as cerca de 1300 pessoas retidas na fronteira entre a Grécia e a Macedónia que voltaram, este sábado, a contestar a proibição de continuarem viagem para outros países da Europa. “Não somos terroristas”, gritaram, em inglês, segundo a AFP.

 “Ajudem-nos”, “Também somos refugiados”, “Lamentamos pela França, mas não somos perigosos”, escreveram, em cartazes que improvisaram, na fronteira grega de Idomeni – Gevgelija para os macedónios.

Já na sexta-feira tinham protestado contra a decisão tomada na véspera pela Sérvia e a Macedónia de só permitirem a entrada nos seus territórios de pessoas que fogem de zonas de conflito, o que levou a que apenas estejam a ser autorizado a passar na fronteira quem venha da Síria, do Iraque e do Afeganistão. A Eslovénia e a Croácia estão a seguir a mesma política.

Nessa altura, alguns, empunhando cartazes onde se lia “Liberdade” ou “Não ao racismo” sentaram-se na linha férrea, impedindo a circulação de comboios entre a Grécia e a Macedónia.

Idomeni é o ponto de passagem habitual de refugiados e imigrantes provenientes da Turquia que chegam às ilhas gregas do mar Egeu – actualmente cerca de 7000 por dia, segundo fonte policial – com o objectivo de seguirem para o Norte da Europa.

Cerca de 70% dos que chegam a esta fronteira são, segundo a AFP, sírios e iraquianos. Por vezes, de acordo com responsáveis de organizações não-governamentais, pessoas de outras nacionalidades destroem os elementos de identificação e pedem às autoridades gregas novos documentos fornecendo-lhes dados falsos.  

O ministro grego responsável pela política migratória, Ioannis Mouzalas, deslocou-se este sábado a Idomeni e disse que a proibição de passagem de pessoas de algumas nacionalidades pela Eslovénia teve “um efeito dominó” na Sérvia e na Macedónia.

“A Grécia tem um plano para ajudar essas pessoas” que consiste, numa primeira fase, na sua transferência para regiões onde há centros de acolhimento, disse o ministro, depois de uma reunião com as autoridades locais. O assunto, acrescentou, seria discutido na noite deste sábado com o primeiro-ministro, Alexis Tsipras.

Desde o início do ano terão chegado à Europa por mar mais de 800 mil refugiados e imigrantes, na sua maioria via Grécia, através da rota dos Balcãs, correndo perigo de vida. O elevado afluxo está motivar alguns sinais de antagonismo para com todos.

Também este sábado, cerca de uma centena de pessoas tentaram entrar no enclave espanhol de Melilla, em Marrocos. As autoridades marroquinas impediram a maior parte de se aproximarem da vedação de seis metros de altura, mas três dezenas conseguiram ali chegar, embora só duas tenham atingido território espanhol. Quatro caíram e ficaram feridas, uma com gravidade. Milhares de pessoas tentam todos os anos entrar em Melilla.

 

 

 

 

 

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