Conversações com administração adiam greve no Financial Times

Jornalistas da publicação decidiram na quinta-feira um protesto contra alterações ao fundo de pensões proposto pelos novos donos.

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Segundo o sindicato, o grupo Nikkei queria utilizar verbas do fundo de pensões para pagar a renda do edifício do Financial Times, em Londres. REUTERS/Peter Nicholls

Depois de terem votado favoravelmente a realização de uma greve contra alterações ao fundo de pensões, os jornalistas do Financial Times vão prosseguir as conversações com a administração da publicação, adiando assim o protesto.

O National Union of Journalists (NUJ), o sindicato de jornalistas do Reino Unido, publicou nesta sexta-feira um texto em que anuncia que os representantes sindicais dos jornalistas do diário especializado britânico vão negociar com a administração uma nova proposta de alteração ao fundo de pensões.

Na quinta-feira, uma votação em que participaram cerca de dois terços dos jornalistas sindicalizados da publicação aprovou com uma maioria de 92% dos votos a realização de uma greve que teria lugar no final do mês, no dia da conclusão da operação de compra do FT pelo grupo japonês Nikkei ao grupo Pearson.

No comunicado publicado nesta sexta-feira, o sindicato informa que, perante novas ofertas sobre as alterações ao fundo de pensões, os representantes dos jornalistas aceitaram encetar conversações com a administração.

No entanto, ficou em aberto a possibilidade de avançar para uma greve caso as exigências não sejam atendidas.

Assim, o protesto não avança no dia da conclusão da operação, prevista para 30 de Novembro, e os jornalistas reúnem-se novamente a 3 de Dezembro para avaliar a situação.

“Assinalamos a proposta da administração em restaurar quatro milhões de libras [5,7 milhões de euros] ao fundo de pensões por um ano, mas acreditamos que uma solução a longo prazo mantém-se vital para trazer segurança aos jornalistas do grupo FT.”

Os jornalistas da publicação tinham aprovado a convocação de uma greve a propósito da retirada de pelo menos quatro milhões de libras do fundo de pensões do jornal no próximo ano. Segundo o sindicato, o valor seria utilizado para suportar a renda do edifício do Financial Times.

Quando, no final de Julho, o grupo Nikkei anunciou a operação para adquirir o jornal britânico, a Pearson, que detém o FT há 58 anos, tornou público que ficaria com a propriedade do edifício localizado na zona de Southwark, no centro de Londres.

O NUJ entende que o resultado da votação mostra a “força e a raiva sentida pelo corpo editorial do FT” acerca dos cortes nas pensões e “sublinha a unidade entre todos os membros” da publicação.

Apesar disso, o The Guardian cita uma nota do Financial Times que refere que 157 dos 171 trabalhadores que participaram no referendo votaram a realização de uma greve favoravelmente, ou seja, 7% do número total de trabalhadores da publicação e 20% dos jornalistas.

Apesar de saudar a “concessão a curto prazo”, o NUJ entende que as pensões são um “benefício a longo prazo” e espera que sejam propostos termos que correspondam aos prometidos no início do negócio de venda do jornal. 

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