Conservadores vencem eleições na Croácia, mas longe da maioria

Líder do bloco conservador sugeriu enviar o exército para a fronteira com a Sérvia e construir uma vedação para reduzir o número de refugiados em trânsito pelo país.

Foto
Tomislav Karamarko prometeu devolver o país ao crescimento económico, passados seis anos de recessão. AFP

A oposição conservadora na Croácia venceu as eleições legislativas de domingo, as primeiras nos Balcãs desde o começo da crise de refugiados na Europa e as primeiras no país desde que este se juntou à União Europeia, em 2013. Mas os últimos resultados mostram que o bloco conservador ficou longe de uma maioria parlamentar e, sem parceiros prováveis de coligação, a Croácia espera semanas de negociações para um acordo governativo. 

As sondagens à boca das urnas e os resultados parciais dão cerca de 60 deputados ao bloco conservador – o HDZ, organização que liderou a independência croata da antiga Jugoslávia – e pouco mais de 50 à coligação social-democrata, até agora no poder, ambos longe de uma maioria no Parlamento, que tem 151 assentos.

“A vitória trouxe-nos a responsabilidade de liderarmos o nosso país, que é uma situação difícil,” disse aos apoiantes Tomislav Karamarko, líder do HDZ, que se centrou durante a campanha na promessa de fazer o país regressar ao crescimento económico. "Quem quiser lutar connosco pela qualidade de vida na Croácia é bem-vindo", acrescentou. 

Segundo a BBC, a terceira força política já recusou fazer parte de qualquer grande coligação parlamentar, seja ela liderada pelos conservadores ou sociais-democratas. O Most, fundado em 2012, é a grande surpresa destas eleições e pode obter 19 deputados. O seu líder, Bozo Petrovl, diz apoiar apenas um Governo que avance com reformas na administração pública e no sistema judicial.

A Croácia passou os últimos seis anos em recessão. A taxa de desemprego ultrapassa os 16%, a terceira maior na União Europeia, depois de Grécia e Espanha. O desemprego na população jovem aultrapassa os 43%, também o terceiro mais elevado da comunidade europeia.

O Governo social-democrata anunciou esta semana que já passaram pelo país mais de 320 mil refugiados e migrantes desde o início do ano. Este número aumentou substancialmente desde que a Hungria fechou as suas fronteiras no Sul, o que fez com que a rota principal de quem tenta chegar ao Norte da Europa passe agora pela Croácia e Eslovénia.

Este tema foi central para as eleições de domingo. Karamarko sugeriu a construção de um muro e enviar o exército croata para a fronteira com a Sérvia de maneira a reduzir o número de pessoas em trânsito pelo país. Mas foi o seu maior opositor, o derrotado primeiro-ministro Zoran Milanovic, quem melhor parece ter colhido as sensibilidades do eleitorado sobre a circulação de refugiados, ao sugerir uma resposta mais solidária. 

Sugerir correcção
Comentar