Chicago dá luz verde ao Museu George Lucas da Arte Narrativa

Colecção pessoal do realizador vai habitar “o primeiro museu do género” depois de polémica urbanística. De Renoir a Robert Crumb, o museu vai mostrar arte popular que conta histórias em 2019.

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A colecção de arte de George Lucas e o seu avantajado espólio de objectos de memorabilia e coleccionáveis vai mesmo morar para Chicago. Um ano e meio de polémica depois, o Museu George Lucas da Arte Narrativa, que se apresenta como “o primeiro do género”, foi aprovado para se erguer sobre as margens do Lago Michigan com um projecto arquitectónico do atelier MAD.

O bilionário do cinema, criador das sagas lucrativas Guerra das Estrelas e Indiana Jones, tem uma vasta colecção que vai de pinturas de Degas ou Renoir até ilustrações ou pinturas de Norman Rockwell, passando por trabalhos de Robert Crumb, John C. Berkey (posters para Star Wars ou King Kong), Beatrix Potter ou E.H. Shepard (Vento nos Salgueiros, Ursinho Poo). Há BD de Jim Davis (Garfield), Mike Mignola (Hellboy), Charles Schulz (Peanuts), Frank Miller, capas da revista MAD, arte de pin-up, fotografia de Robert Capa, Walker Evans ou Sebastião Salgado e, na categoria de arte cinematográfica, um espólio que obviamente toca as sagas que ajudou a criar.

Mas também possui e vai mostrar guarda-roupa Dior, Alexander McQueen ou Rodarte, peças de design de produção de Senhor dos Anéis, Citizen Kane, Metropolis ou Blade Runner ou de caracterização de outros tantos filmes seus e de referência, entre muitas outras obras. Tudo peças de arte popular que “contam uma história”, como as define.

Estima-se que só abra ao público em 2019 e vai “ser uma aquisição incrível” que se juntará aos “outros 56 museus em Chicago para fornecer novos benefícios culturais e educativos às gerações vindouras”, defende o presidente da Câmara, o democrata Rahm Emanuel.

O anúncio dos planos para o novo museu foi feito em Junho de 2014. Cinco meses depois foi apresentado o projecto escolhido para o edifício: um projecto do estúdio MAD Architects em três pisos com capacidade expositiva e uma volumetria ondulante, como uma montanha branca, e reminiscente da arquitectura da Era Espacial (anos 1940 a 60). “É um espaço para descobrir e explorar, comunicar e contemplar. Mais do que um edifício, é um panorama urbano para a interacção social”, diz o MAD sobre o edifício que é encimado por um disco que se definirá como um terraço panorâmico para a cidade e para o Michigan.

Contudo, o projecto foi contestado desde o início – vizinho do Soldiers Field, o monolítico estádio dos Chicago Bears e espaço de concertos, ficará situado na zona ribeirinha da cidade (banhada pelo Lago Michigan) no que seria o parque de estacionamento do estádio e zona de parques da cidade.

O projecto foi revisto ao longo de meses e em Setembro foi apresentada uma nova versão que ocupa menos 40% de terreno e reduz a própria área útil do edifício em 25%, segundo a revista Wired. Isso terá sido suficiente para convencer o Chicago City Council (o ramo legislativo do governo da cidade, composto por vereadores e presidido pelo mayor), que tinha recebido também queixas de entidades de conservação da natureza preocupadas com as limitações de acesso ao lago e às áreas verdes que o novo edifício trará. O museu, disse o presidente da instituição, Don Bacigalupi, terá “perto de 18.500 m2 de novos espaços verdes e área de parque acessível ao longo da frente lacustre”.

O projecto, com custos estimados de 900 milhões de euros, será inteiramente financiado por Lucas, cuja fortuna (engrossada depois da venda, em 2012, do seu império criativo e da Lucasfilm à Disney) valerá cerca de 4,5 mil milhões de euros. 

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