Mais de 12.600 migrantes chegaram à Eslovénia em 24 horas

Com o encerramento das fronteiras da Hungria, o pequeno país balcânico tornou-se a principal porta de entrada no espaço Schengen.

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Rigonce, onde milhares de migrantes esperavam na manhã desta quinta-feira para entrar na Eslovénia Leonhard Foeger/REUTERS

Mais de 12.600 refugiados e migrantes entraram na Eslovénia em 24 horas, anunciou a polícia, na manhã desta quinta-feira. Trata-se de um recorde diário, que ultrapassa os números de entradas registados na Hungria, em Setembro, notou a AFP.

Às 5h desta quinta-feira (hora de Portugal), a Eslovénia tinha registado 34.131 entradas desde sábado, dia em que a Hungria fechou a fronteira com a Croácia e este país passou a canalizar os refugiados para a Eslovénia. Até à mesma hora do dia anterior, tinham sido registadas 21.455 entradas de pessoas que pretendem seguir para outros países, maioritariamente a Alemanha.

A Suécia é outro dos países mais procurados, e acaba de rever em alta a sua previsão para este ano: deverá receber pelo menos 190 mil refugiados, dos quais 30 mil serão crianças desacompanhadas. Este esforço obrigará a um reforço dos fundos destinados aos refugiados, afirmou o responsável pela Agência de Migração Sueca, Anders Danielsson. “Esta é uma situação sem precedentes tanto da perspectiva europeia como sueca”, afirmou, citado pela Reuters.

No entanto, a Eslovénia não está a conseguir dar vazão a todo este tráfego humano: permanecem no país mais de dez mil pessoas, à espera de serem registadas para passar para a Áustria, e sem condições de alojamento. 

Mas a crise migratória alarga-se a vários pontos dos Balcãs, porque cada vez mais pessoas tentam alcançar a Europa antes que se instalem plenamente as condições de Inverno e que se fechem definitivamente as portas. Há cada vez mais pessoas a dormir ao relento na Sérvia, na Croácia e na Eslovénia. Por exemplo, esperava-se que 9000 pessoas entrassem na Sérvia esta quinta-feira, anunciaram os serviços do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados naquele país.

No entanto, Viktor Orbán, o primeiro-ministro húngaro, defendeu no congresso do Partido Popular Europeu, em Madrid, que os líderes europeus têm de mudar a sua política migratória e envolver os eleitores num debate sobre o futuro do continente europeu, relata a Reuters. Se não, a crise política consequente será uma ameaça para a democracia. “O que há a fazer é mandá-los [aos refugiados] de volta para os campos de refugiados [no Médio Oriente] de onde vêm”, afirmou.

O presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, reconheceu os “enormes problemas”, “quase existenciais”, que estão a ser enfrentados por um dos mais pequenos estados da União.

Juncker convocou uma mini-cimeira para domingo, para discutir a “situação de urgência” nos Balcãs, onde milhares de refugiados se acumulam. Foram convidados os chefes de Estado e de Governo da Alemanha, Áustria, Bulgária, Croácia, Grécia, Hungria, Roménia, Eslovénia e também os da Macedónia e da Sérvia – que não fazem parte da UE – mas são também países de trânsito dos refugiados.

Mais de 600 mil pessoas entraram já na Europa em 2014. Fogem, em grande medida, da guerra na Síria, onde a contra-ofensiva das tropas do governo de Bashar al-Assad, está a provocar nova debandada.

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