“Porto” pode desaparecer do Turismo do Porto e Norte

Presidente da Câmara do Porto diz que não concorda com a estratégia de promoção desenvolvida por aquele organismo

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O turismo descobre o Porto com a ajuda das companhias low cost Fernando Veludo/nfactos

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse, esta terça-feira, na reunião do executivo, que está a considerar pedir à entidade regional Turismo do Porto e Norte de Portugal que retire o nome da cidade da sua designação. Em causa, disse, está uma discordância na forma como a entidade promove a região.

Moreira afirmou que o Turismo do Porto e Norte (TPN) “vai criar [uma agência] para a promoção externa, entrando em rota de colisão com a ATP [Associação de Turismo do Porto]”. Esta entidade, a que o próprio Moreira preside, tem como principal objectivo a promoção da região a nível internacional, enquanto o TPN centra a sua intervenção na promoção interna e em Espanha. Segundo foi possível apurar, no início de Outubro, durante a assembleia geral da ATP, a entidade regional de turismo anunciou que iria abandonar a associação já que tinha a intenção de integrar uma nova agência de promoção externa do turismo da região. Contactado pelo PÚBLICO sobre esta matéria e as críticas de Rui Moreira, o presidente da TPN, Melchior Moreira, disse que não queria, para já, tecer qualquer comentário.

Na reunião do executivo, Rui Moreira defendeu que o principal problema nem era o surgimento de uma nova agência, já que a promoção internacional que esta venha a desenvolver, caso de concretize, pode funcionar como “complemento” do trabalho da ATP. O problema, disse, é a estratégia utilizada pela TPN.

“Não queremos vender o Porto pelo fumeiro e o galo de Barcelos. Esta é uma política que entendemos que possa ser muito interessante para alguns municípios, mas não para o Porto. E a entidade também não reconhece a capacidade de o Porto ser uma âncora da região”, disse. Para Rui Moreira, o TPN “promove o Portugal bucólico” e isso não é o que a cidade quer. “Não reconheço que essa estratégia seja interessante para o Porto”, disse.

Durante a reunião, os vereadores do executivo ouviram também o presidente das Águas do Porto, João Matos Fernandes, garantir que a possibilidade de os municípios do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia avançarem com uma solução alternativa ao abastecimento de água é legal. A questão foi colocada pelo vereador Ricardo Almeida, do PSD, e Matos Fernandes garantiu que “a lei não obriga” os municípios a integrar as entidades definidas pelo Governo. Contudo, frisou, qualquer solução alternativa terá de ter sempre a aprovação do Estado central e só poderá ser concretizada “em consequência de um processo negocial”.

Numa reunião em que os assuntos envolvendo a administração central estiveram muito presentes, os vereadores receberam ainda a confirmação, por parte da vice-presidente, Guilhermina Rego, que o município está apenas a aguardar a publicação do acórdão do Tribunal Constitucional, que chumbou a interferência do Governo nos acordos entre os organismos autárquicos e os sindicatos, para publicar o acordo alcançado no Porto, e que permitirá o regresso dos trabalhadores às 35 horas de trabalho semanais.

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