Passos desafia PS a clarificar posição sobre futuro governo

Líder do PSD esteve reunido com Cavaco Silva e defendeu um Governo PSD/CDS com "previsibilidade e celeridade". Mais tarde, Portas considerou em Belém que Costa está a tentar sobreviver politicamente.

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Nuno Ferreira Santos

Passos Coelho reiterou que deve ser o próprio a ser nomeado primeiro-ministro e desafiou o PS a "assumir as suas responsabilidades no Parlamento" e a clarificar a sua posição face a um Executivo PSD/CDS. A posição foi assumida à saída de uma audiência com o Presidente da República, de quase 40 minutos. 

"É sabido que procuramos condições de estabilidade. Não foi possível obter uma clarificação por parte do PS. O PS não deixará de assumir as suas responsabilidades em sede parlamentar como partido derrotado das eleições. Estamos portanto preparados para que, em sede parlamentar, os resultados sejam respeitados", afirmou o líder do PSD, acompanhado por dois vice-presidentes, Marco António Costa e Jorge Moreira da Silva, o secretário-geral, Matos Rosa e Luís Montenegro, líder parlamentar.

Na declaração aos jornalistas, Passos Coelho afirmou que a posição dos socialistas sobre um futuro Governo PSD/CDS - que espera vir a liderar - não é conhecida de "nenhum português nem dos senhores jornalistas". E desafiou: "caberá ao PS clarificar a sua posição". Se for necessário dar luz verde a um Governo de direita, "como é que o PS entende essa viabilização?", questionou, tendo remetido várias vezes para os socialistas quando interrogado sobre condições de governabilidade.

Também não fechou a porta do diálogo com o PS, desde que, do lado dos socialistas, exista essa "abertura". Uma coisa é certa, a coligação PSD/CDS não procurará "viabilizar" um Governo junto do PCP e do BE por terem programas que "não são compatíveis" com o da coligação.  

O líder dos sociais-democratas começou por dizer que transmitiu a Cavaco Silva a sua expectativa de vir a ser chamado a formar Governo - embora não tenha dado indicação sobre a posição do Presidente - tendo em conta a vitória eleitoral da coligação PSD/CDS nas legislativas de 4 de Outubro. O mandato, defendeu, deve ser exercido em "condições de previsibilidade e de estabilidade", um requisito "indispensável à recuperação económica do país". Caso haja instabilidade, haverá um "adiamento das decisões de investimento", alertou. 

Passos Coelho pediu ainda "celeridade" em todo o processo de entrada em funções de um novo Parlamento e Governo para que os "sacrifícios feitos" não sejam postos em causa. 

Portas diz que Costa procura sobreviver
Paulo Portas, líder do CDS e o último partido a ser recebido em Belém esta terça-feira, centrou a sua mensagem na ideia de que é a coligação PSD/CDS que deve governar em resultado da vitória eleitoral. "No entender do CDS, o povo livre e democraticamente fez a sua escolha no dia 4 de Outubro. A coligação venceu, o PS perdeu", afirmou Portas.

Numa curta declaração, o líder do CDS e vice-primeiro-ministro pediu "sentido de responsabilidade e sentido de Estado". Defendeu que "o primeiro passo é a indigitação de Pedro Passos Coelho" que é "o líder do maior partido da coligação".

Questionado sobre se vale a pena nomear Passos Coelho para chefiar um governo que logo a seguir é destituído, Portas referiu-se directamente às declarações de António Costa ao ter garantido haver condições de governabilidade à esquerda. "É absolutamente extraordinário um líder político à procura da sua sobrevivência considerar que o voto de um povo é um detalhe e o Parlamento uma formalidade", rematou. 

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