Forças de intervenção cercaram casa de Dhlakama na Beira e desarmaram-no

Líder da oposição moçambicana andava desaparecido há duas semanas, depois de a sua comitiva ter sido atacada por homens armados.

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Dhlakama tinha anunciado o seu reaparecimento aos jornalistas GIANLUIGI GUERCIA/AFP

A polícia moçambicana cercou esta sexta-feira a casa de Afonso Dhlakama, o presidente da Renamo, na cidade da Beira, com o objectivo de o desarmar, e só abandonou o local depois de este entregar as armas.

O ataque à residência no bairro das Palmeiras visaria recuperar as armas que teriam sido capturadas pelos seguranças do líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) durante o ataque sofrido pela comitiva de Dhlakama a 25 de Setembro, diz a edição online do jornal O País. Desde então, Dhlakama estava desaparecido, e só tinha regressado à sua casa na Beira há menos de um dia.

As forças especiais chegaram ao romper da manhã, “bloquearam todos os acessos à residência, forçaram os vizinhos a abandonarem as suas residências, impediram a circulação de viaturas e neutralizaram os seguranças pessoais de Dhlakama”, relata O País.

Mas a  entrada forçada das forças da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e do Grupo Operativo Especial (GOE), duas forças governamentais anti-motins, foi sendo relatada ao vivo no Facebook e outras redes sociais por partidários da Renamo. Ivone Soares, líder da bancada parlamentar deste partido da oposição, foi quem deu o primeiro alerta, no Twitter.

A chegada de Dhlakama a casa, no entanto, não tinha sido discreta. Vários jornalistas e observadores tinham sido convocados para uma espécie de conferência de imprensa nas matas de Macucuá, em Gorongosa, sem direito a fazerem perguntas, onde o líder da Renamo anunciou que ia reaparecer, noticiou o jornal A Verdade.

“Eu já morri. Não tenho medo de morrer. Tudo o que faço é por este povo pé descalço. Eles querem que o país regrida 40 anos. Que não haja democracia. Mas nós estamos aqui e vamos continuar a lutar”, afirmou Afonso Dhlakama.

A sua residência tornou-se o centro de todas as atenções. Enquanto se viam blindados nas ruas, acorreram ali todas as figuras políticas da região, e também os mediadores das negociações entre o Governo moçambicano e a Renamo, Lourenço do Rosário e Dom Dinis Sengulane, relata a Deutsche Welle em português, que acompanhou a situação em directo.

Terão sido aprendidas 16 metralhadoras AK-47, uma pistola Tokarev, munições, um punhal e três carregadores, disse Manuel Araújo, presidente da câmara de Quelimane, citado pela emissora alemã.

A delegação da União Europeia emitiu um comunicado em que disse “seguir com apreensão os desenvolvimentos na Beira”, pois os esforços para “criar um clima de de confiança entre as partes arriscam-se a ser postos em causa”.

Em Setembro de 2014, um acordo de cessação de hostilidades permitiu a realização em paz das eleições gerais de Outubro em que foi eleito o actual Presidente, Filipe Nyusi, e a FRELIMO  (Frente de Libertação de Moçambique) renovou a maioria parlamentar. Mas a Renamo não reconheceu, e continua a não reconhecer, os resultados do escrutínio – que considera fraudulento – e exige governar em seis províncias em que reclama vitória. Antes, chegou mesmo a anunciar a intenção de criar uma república do Centro e Norte.

 

 

 

 

 

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