É tudo plano, mesmo quando se sobe

Meia-dúzia de graçolas sobre as maleitas da idade não são capazes de trazer qualquer densidade às personagens deste old buddy movie.

Foto

Adaptado de um livro do famoso Bill Bryson (encarnado aqui por Robert Redford), Por Aqui e por Ali é a história do reencontro de dois velhos amigos, que há muito não se viam mas, numa espécie de “último hurrah”, se decidem a partilhar uma última aventura, uma caminhada de semanas pelo trilho dos Apalaches.

É uma espécie de old buddy movie, com duas personagens que são o oposto uma da outra: Redford é o homem responsável de vida estável, Nick Nolte o estraga-albardas que nunca assentou e foi sempre um adolescente em ponto grande. Que faz Ken Kwapis com este material promissor constituído por dois actores septuagenários e carismáticos e a paisagem natural dos Apalaches? Nada, absolutamente nada. Nada que tenha sabor ou cheiro, pelo menos.

Meia-dúzia de graçolas sobre as maleitas da idade, que não são capazes de trazer qualquer densidade às personagens – e em que terreno tão hawksiano estávamos, neste universo de camaradagem masculina com paisagem “de fronteira” ao fundo. Mas é tudo – personagens e paisagem – filmado com enervante indiferença, por aqui ou por ali tanto faz, e o filme só arranca fugazmente quando aparece uma figura excêntrica (Kristen Schaal), uma “chata” que cantarola insistentemente uma cantiga dos Daft Punk e de quem os dois amigos acabam por se ver livres. Fazem mal, e o filme também – daí para a frente é tudo plano, mesmo quando vão a subir.

Sugerir correcção
Comentar