O Porto foi da “menina Catarina”, carago!

Francisco Louçã ainda teve tempo de dar um abraço e um beijo à porta-voz do Bloco, antes de a candidata ter sido levada repentinamente da Rua de Santa Catarina. A rua, nesta tarde, foi de outra Catarina.

Fotogaleria
Diogo Baptista
Fotogaleria
Diogo Baptista
Fotogaleria
Diogo Baptista
Fotogaleria
Diogo Baptista
Fotogaleria
Diogo Baptista

A rua da Santa Catarina, no Porto, foi nesta sexta-feira, último dia de campanha, o palco da mais calorosa arruada do Bloco de Esquerda. A porta-voz demorou cerca de 40 minutos a fazer um percurso que normalmente levaria cinco. Beijos, abraços emocionados, elogios. A “menina Catarina”, como a tratam algumas vezes no Norte, foi a protagonista numa cidade que conhece tão bem.

E até havia outros actores ao lado, como António Capelo, bem conhecido da televisão. E havia a cabeça de lista por Lisboa Mariana Mortágua, que também foi chamada pelas pessoas na rua, para que “nunca” deixe de falar, que fale “sempre”. Havia ainda o número dois pelo Porto, José Soeiro. E a eurodeputada Marisa Matias. Mas foi para Catarina Martins que todas as atenções se viraram.

Alguns membros da caravana do Bloco de Esquerda tiveram mesmo de dar as mãos e fazer um pequeno cordão humano para que a porta-voz tivesse espaço. Entre os transeuntes que a queriam cumprimentar e dar palavras de encorajamento e os jornalistas que a rodeavam, para ouvir as conversas que a número um pelo Porto ia tendo, a confusão era grande.

Bandeiras, máquinas de filmar, de fotografar, microfones, pessoas de todas as idades, crianças, adultos, gente mais nova e mais velha. E Catarina Martins a fazer questão de falar com cada uma das pessoas. A arruada teve mesmo de terminar abruptamente.

O ex-coordenador do Bloco Francisco Louçã chega, aproxima-se da primeira fila, dá um grande beijo e um abraço à porta-voz e, subitamente, um, dois, três, alguns membros da caravana pegam em Catarina Martins e ela desaparece a correr. Toda a gente queria mais. A justificação dada foi a de que, se não a tirassem dali assim, nunca mais o conseguiriam fazer e, à noite, ainda há jantar e discursos.

Naquela rua, em pleno coração do Porto (Catarina Martins vive entre o Porto e Lisboa), a porta-voz ouviu todos os elogios, que é “gente de fibra”. Dizem-lhe o que já lhe disseram muitas vezes no Norte: que “as mulheres têm mais consciência do que os homens”. Era quase impossível perguntar o nome, a idade e a profissão às pessoas que se aproximavam de Catarina Martins.

A senhora que lhe disse que as mulheres têm mais compreensão do que os homens, garantiu-lhe: “Desta vez, vou votar na senhora.” Aliás, já disse ao marido, que é socialista, lá em casa: “Vou votar Bloco de Esquerda.” O marido respondeu-lhe: “Fazes bem, mulher.” Ela está decidida: “Os homens não têm consciência nenhuma, esta senhora vai fazer bem.”

Paulo Portas “devia ter vergonha”
E o alento que lhe dão continua, Catarina Martins não dá um passo sem ouvir frases como “uma mulher pequenina tão grande”. Gritam-lhe: “Catarina, Catarina!”. Ou: “São precisas muitas Catarinas no Parlamento!”. Até lhe pedem autógrafos.

Na rua, as críticas às políticas de direita do Governo sucedem-se. “As pessoas estão fartas de injustiças”, nota Catarina Martins. E vai repetindo, àqueles com quem se cruza, uma das frases mais ouvidas nesta campanha: “Desta vez, vai ser Bloco.”

Porque o Bloco, argumenta, é o partido que tem as políticas e as propostas mais claras em torno de temas como as pensões, que não admitem ver reduzidas, seja por via do corte ou congelamento; do emprego, porque não aceitam que o desemprego seja facilitado ou flexibilizado; da Segurança Social, que não aceitam que seja descapitalizada. Catarina Martins acredita que as pessoas sabem que o Bloco tem feito toda a oposição possível à direita e às suas políticas.

A porta-voz admite que “a força do Porto é muito importante”, mas não só. O Bloco quer que Braga, Coimbra, Santarém, e Leiria, voltem a eleger deputados. Em 2011, o Bloco elegeu dois deputados pelo Porto – Catarina Martins e João Semedo.

No meio da confusão, um dos jornalistas ainda lhe consegue perguntar o que tem a dizer sobre o facto de o líder do CDS Paulo Portas ter dito que PSD e CDS-PP devem impedir que governem “os Syrizas cá do sítio”. Catarina Martins mostrou, como se diz no Porto, a “fibra” de que é feita. Ao vice-primeiro-ministro – que garantiu “defender” os contribuintes e pensionistas e, depois, cortou nas pensões, no Complemento Solidário de Idosos e subiu os impostos – respondeu: “Muito sinceramente, devia ter vergonha.”

As três condições do BE para negociar com o PS não são o “programa todo”

Sugerir correcção
Comentar