Quanto vai dar Passos aos lesados do BES para irem para tribunal?

Os partidos e as coligações foram neste sábado para a estrada de forma permanente até ao dia de ir a votos a 4 de Outubro. Começou a volta a Portugal das Legislativas 2015.

Comícios, arruadas, mercados, jantaradas, correrias, discursos gritados, abraços e beijinhos e poucos conteúdos. Enfim, uma campanha à portuguesa.

O dia ficou marcado pela confusão que recebeu a coligação no mercado de Braga. Lesados do BES e outros descontentes esperavam Passos Coelho e Paulo Portas. Houve gritos, inaceitáveis tentativas de agressão a membros da coligação Portugal à Frente e alguns empurrões.

Porém, algo que promete marcar toda a campanha acabou por acontecer. Rodeado pelos seus seguranças, Passos resolveu dar o “corpo às balas” e irromper pela multidão. Foi trocando argumentos sempre de forma cordial com os que o confrontavam e um diálogo, já mostrado pelas televisões e relatado por rádios e jornais, acabou por marcar o dia. 

Passos seguia já a meio do mercado quando um homem que gritava ter sido enganado pelo BES o interrompeu. O líder do PSD pediu silêncio e dirigiu-se ao cidadão irritado. Vale a pena ler o diálogo na íntegra: 

Pedro Passos Coelho (PPC) – O Grupo Espírito Santo enganou muita gente.

Lesado do Bes (LB) – Eu sei.

PPC – Essas pessoas não foram enganadas por eu ter dito para serem enganadas.

LB – Mas o Presidente da República deixou-o lá estar muito tempo para ele roubar ainda mais, senhor primeiro-ministro.

PPC – Mas quem?

LB – O Ricardo Salgado esteve tempo a mais.

PPC – Mas como é que o Presidente da República tem alguma coisa que ver com isso?

L B – Tem, tem … O Governador [do Banco de Portugal] deu ordens para ele sair e ele continuou lá.

PPC – O senhor não acredita nisso. Não é verdade.

LB – É verdade.

PPC – Não é. Nós dissemos, disse eu e o Presidente da República: uma coisa é o Grupo Espírito Santo, outra coisa é o banco. O banco, o banco está defendido. A defesa que o Banco de Portugal organizou para o Banco Espírito Santo foi posta em causa pelos seus administradores e eles vão responder, lhe garanto, em tribunal por isso.

LB – Quando eu morrer, senhor doutor…

PPC – Não.

LB – Quando eu morrer. É que eu já tenho [não se entende a idade]…

PPC – O senhor, que tem papel comercial, não é do banco, é do Grupo Espírito Santo e das empresas do Espírito Santo.

LB – Eu não sabia o que era isso. Eu fui enganado.

PPC – Está a ver…

LB – Eu fui enganado por tudo, pelos stresses bancários…

PPC – Não foi, não foi.

LB – Fui.

PPC – Mas olhe, há uma entidade que pode resolver isso que é o tribunal. Se não tem dinheiro para ir lá…

LB – Não, não tenho.

PPC – Eu organizarei uma subscrição pública para os ajudar a recorrer a tribunal…

LB – O senhor compromete-se? O senhor compromete-se? Perante a opinião pública?

PPC – A ajudá-lo a ir para tribunal? Sim senhor.

LB – Todos aqueles que precisam?

PPC – Sim senhor, disso pode ter a certeza.

Noutras imagens, Pedro Passos disse mesmo que aceitaria ser o “primeiro abaixo-assinado” de uma petição que vise angariar financiamento popular para os lesados do BES irem a tribunal contra o Grupo Espírito Santo. Disse ainda que estaria disposto a dar dinheiro do seu bolso (mais faltava que fosse do bolso do Estado).

Ficou feita a primeira grande promessa de Passos Coelho em campanha eleitoral. Os portugueses ficam agora à espera para ver quando e como Passos a vai cumprir.  

Com quanto vai contribuir senhor presidente do PSD? Quanto dinheiro é preciso? Já agora, isto não se resolvia através dos mecanismo do sistema judicial português, evitando recorrer a peditórios?

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