Opositor venezuelano Leopoldo López condenado a 13 anos de prisão

Defesa considera que processo está recheado de irregularidades e vai recorrer. Fundador do partido Voluntad Popular encabeçou em 2014 o movimento que reclamava demissão de Maduro.

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López tornou-se um símbolo a oposição ao Governo JUAN BARRETO/AFP

Leopoldo López, um dos principais opositores do Governo venezuelano, preso desde Fevereiro de 2014, foi condenado a mais de 13 anos de prisão, por participação e instigação à violência em manifestações que abalaram o país e na sequência das quais morreram 43 pessoas e centenas de outras ficaram feridas.

A pena é exactamente de 13 anos, 9 meses, 7 dias e 12 horas, que cumprirá na prisão militar de Ramo Verde, onde ficou depois de se ter entregado. A pena é de mais um ano do que aquilo que tinha sido pedido pelo Ministério Público, segundo o diário espanhol El Mundo.

A causa da violência que se seguiu aos protestos de rua foi o assassinato de um estudante, Bassil Da Costa, e não o seu incitamento – argumentou López em tribunal.

A defesa considera que o processo está recheado de irregularidades e anunciou que vai recorrer da condenação de López – acusado de associação de malfeitores, instigação à violência, danos de bens privados e incêndio. Insurgiu-se também contra a “falta de independência” do sistema judicial.

Fiel ao seu estilo, Leopoldo López teve no tribunal, segundo membros do seu partido, uma atitude de desafio face à juíza. “Se o veredicto é uma condenação, terá mais medo de o ler que eu de o ouvir, porque sabe que sou inocente”, disse, segundo escreveu no seu twitter David Smolanski, presidente do município de El Hatillo, em Caracas, e companheiro de partido.

Com uma história de oposição ao chavismo, fundador do partido Voluntad Popular, 44 anos, economista formado em Harvard, nos EUA, López encabeçou no início de 2014 o movimento de desobediência civil La Salida, que reclamava a demissão do Presidente Nicólas Maduro. Já este ano esteve em greve de fome na prisão, reclamando a marcação de eleições entretanto agendadas para 6 de Dezembro, a libertação de presos políticos e o fim da repressão. Tornou-se um símbolo da oposição.

No tribunal, a que a imprensa não teve acesso, foram ao mesmo tempo condenadas três estudantes. Um a dez anos de prisão, os outros dois a quatro anos cada. Mas, segundo o El Mundo, ficarão em liberdade condicional, tendo de se apresentar quinzenalmente no tribunal e sem autorização para saírem do país.

A última sessão do julgamento confirmou a divisão na sociedade venezuelana. Nas imediações do Palácio da Justiça ocorreram incidentes na altura em que chegou a família de Leopoldo López. Os carros em que seguiam tiveram, segundo o diário espanhol El País, de estacionar a cerca de 200 metros do tribunal, perto do qual se concentraram apoiantes do arguido e do regime chavista, que trocavam insultos.

Partidários de Maduro atingiram, segundo a AFP, membros do partido de López com bastões e garrafas de plástico. “Fora com os fascistas da Venezuela!”, “Há que acabar com a oligarquia!”, gritaram. Insurgiram-se também contra jornalistas e queimaram bandeiras da Voluntad Popular

A partido de López informou que em consequência dos confrontos um dos seus apoiantes morreu, de enfarte de miocárdio, e uma dezena sofreram ferimentos, entre elas uma candidata a deputada.

 

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